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Raimundo dos Santos Lima

1968 - 2021

Beijoqueiro e dono de uma risada estrondosa, sempre ligava ao final da noite de domingo pra dizer “eu te amo”.

Fifó, como gostava de ser chamado, sempre foi um homem trabalhador, íntegro e inteligente.

Todos os dias, depois do preparo do almoço da família, com o jornal debaixo do braço, abria sua “baiuca” de jogo do bicho. Foi ela que o ajudou por anos, junto a esposa Eloisa, a criar suas filhas: Ellen, Sandra, Beth e Bianca. Quatro frutos de um matrimônio de quarenta e quatro anos repleto de parceria, cuidado, carinho e muito amor.

Sua infância difícil e repleta de muitas dificuldades impediu que ele concretizasse muitos sonhos, porém não o impediu de ser um entusiasta da educação das filhas e dos netos.

Católico e devoto de Nossa Senhora por anos tinha como principal obrigação cristã, as missas de sábado à noite. Depois dela, a parada obrigatória era para a pizza, o lazer esperado da família e a felicidade das meninas.

Extremamente inteligente e leitor assíduo dos noticiários diários, discutia sobre tudo com muito conteúdo. Era um amante do futebol e torcia de forma doentia pelo Fluminense e o Remo.

Fifó era também apaixonado pela pacata Vila-de-Beja no interior de Abaetetuba (PA). Ali se refugiava e dizia serem seus melhores momentos na vida. Lá os encontros familiares se transformavam em festa e o banho de chuva era o ponto alto da sua alegria. Adorava!

Depois de uma cirurgia cardíaca ganhou o gosto apurado por vinhos e whisky. Sempre posava nas fotos familiares com uma taça na mão, talvez quisesse mostrar o quanto era um vencedor.

O Rock sempre foi seu companheiro inseparável e como um roqueiro alucinado por vezes foi mal compreendido. Fazia parte, ele sabia disso.

Ansioso, agoniado, era o primeiro a organizar os encontros familiares. Amava estar em família, sua "família linda", como dizia para mostrar o quanto sentia-se feliz cercado dela.

Beijoqueiro e dono de uma gargalhada estrondosa, adorava ligar ao final da noite de domingo só pra dizer: “Eu te amo”.

Estava sempre de bem com vida e dizia aos quatro cantos que "era um jovem, um garotão”. Esbanjava alegria! Amava viver e viveu intensamente: cantando, bebendo e ouvindo boa música.

Seu legado de amor pela vida, pela família, amigos e por todos os que o cercavam fica impresso nos corações daqueles que o amam. Sua alegria, extravagância e excessos são lembrados com bom humor. Ele fez a diferença na vida de muitos.

Fifó era isso. E como cantava sempre: "não vim até aqui pra desistir agora”. Lutou, lutou durante toda a vida. Bravamente contra tudo e contra todos, foi um vencedor.

Assim escreve a filha Ellen sobre o pai que tanto amou.

Raimundo nasceu em Abaetetuba (PA) e faleceu em Belem (PA), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Raimundo, Ellen Rose dos Santos Lima. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Míriam Ramalho, revisado por Walker de Barros Dantas Paniágua e moderado por Rayane Urani em 1 de outubro de 2021.