1967 - 2020
Todos os dias se divertia com a neta! Gostavam de criar roupas de boneca, pedalar, pintar e elaborar móveis.
Raneuma, muito querida por todos que a conheciam, era chamada de Pretinha. Esse apelido carinhoso foi dado pela mãe devido ao seu tom de pele e acabou por acompanhá-la durante muito tempo, algumas vezes substituído por Tinha, uma redução criada pelos sobrinhos.
Em 1995, ela conheceu Cláudio, que viria a ser seu companheiro ao longo de 25 anos de união e com quem viveu uma relação de amor, carinho e cuidado. Com ele, teve dois filhos: o primeiro faleceu logo ao nascer, e o segundo, Cláudio Emanoel, veio ao mundo no ano de 2000, trazendo-lhe muita felicidade.
Fazia parte de uma família de nove irmãos e, quando se casou, levou consigo a sobrinha Daniela, de 7 anos, à qual era muito ligada. Com seu forte instinto materno, acolheu Daniela como filha e, mais tarde, os filhos dela, Ana Beatriz e Erick, como seus netos. Daniela recorda-se com carinho dessa ligação de uma vida, dizendo que eram "muito próximas": "quando me casei, fui morar na outra rua, perto da casa dela. Como nós duas éramos donas de casa, estávamos sempre juntas, diariamente. Fazíamos tudo juntas".
Às vezes, Pretinha até deixava de fazer alguns passeios e viagens só porque não queria ficar longe da neta. O seu amor pela filha mais velha de Daniela era especial e inexplicável; por ela, sentimentos de amor e carinho nitidamente transbordavam. Sua dedicação e cuidado para com ela eram tão grandes que queria mantê-la sempre por perto, protegendo-a e desejando-lhe sempre o melhor. Se fosse preciso, era capaz de mover montanhas só para lhe dar alegria.
Além do marido, dos filhos e dos netos, ela teve um outro grande amor: sua irmã Raneide, com a qual era muito ligada desde a infância, e esse vínculo manteve-se por toda a vida. Quando Pretinha ficou doente, a irmã ficou tão preocupada que adoeceu também, e ambas se foram num intervalo de apenas quatorze dias, sem que uma soubesse que a outra havia partido.
Sua dedicação à família era indiscutível: era uma mãe e uma esposa exemplar, muito zelosa ao cuidar das roupas, sempre muito cheirosas e impecavelmente bem passadas — o que era uma das expressões do seu carinho. Estava sempre pronta para ajudar as pessoas e para obedecer a seu generoso coração, bem como nunca hesitou em cuidar dos familiares sempre que isso se fez necessário.
Pretinha foi uma pessoa que aproveitou bem a vida, amou verdadeiramente as pessoas e colocou alegria em tudo o que fez. Dona de um sorriso iluminado e de uma jovialidade invejável, era também vaidosa, fazendo questão de estar sempre bem vestida. Sua diversão preferida era ouvir Amado Batista tomando uma cerveja gelada. Com essa combinação, a animação nos churrascos de domingo estava garantida.
“Quero seguir a vida levando no coração a coisa mais preciosa que ela me ensinou: amar a todos incondicionalmente", conta a filha.
Raneuma nasceu em Mossoró (RN) e faleceu em Mossoró (RN), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Raneuma, Daniela Almeida. Este tributo foi apurado por Saory Miyakawa Morais, editado por Vera Dias, revisado por Débora Spanamberg Wink e moderado por Rayane Urani em 31 de agosto de 2021.