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Regina Celi de Souza

1957 - 2021

Apaixonada por carnaval, bolo de aniversário, girassol, filhas, neto e tudo o que fazia da vida uma festa.

Os domingos amanheciam felizes na casa de Regina. Sabedora da preciosidade dos pequenos rituais cotidianos, ela fazia questão de que a família tomasse café reunida. Esse café não necessariamente era da manhã: contanto que estivessem todos juntos, a mesa seria posta a qualquer hora, com todo carinho e esmero, de forma a traduzir todo o amor que Regina nutria pelos seus.

A filha Yasmin gostava especialmente de sua canjica, mas observa que seu maior sucesso sempre foi a salada de macarrão. “Tudo que minha mãe queria era ser uma excelente mãe, e para isso ela não media esforços.”

Nathany soma-se à irmã na homenagem e nas lembranças boas da mãe tão querida: “As melhores manhãs eram quando ela me acordava, sempre bem-humorada, com um enorme ‘bom dia, flor do dia!’, principalmente aos domingos."

Regina tinha uma tatuagem no antebraço, com os nomes das filhas e a inscrição "amor além da vida”.

Esse amor transbordante se manifestava no seu jeito de ser. Quem gosta de viver, geralmente gosta de comer. Regina era, como define Nathany, uma “verdadeira formiga, louca por bananada, tortas, docinhos". Yasmin brinca que pelos doces, a mãe era “capaz até de roubar de criança!” E se diverte lembrando das histórias em torno dessa paixão: “Eu e minha irmã não podíamos sair de nenhuma festa sem levar um pedaço de bolo pra minha mãe. A gente morria de vergonha, mas sempre ia pedir pro dono da festa, pois isso a fazia tão feliz.” Outra predileção de Regina era a combinação pão francês com guaraná, parte do seu dia a dia.

Sempre extrovertida e festeira, Regina era a melhor companhia para pagodear e fazer compras, como conta Nathany. E, como não podia deixar de ser, amava o carnaval. Fazia questão de ir para o sambódromo todos os anos assistir aos desfiles das escolas de samba. Chegou a ser jurada no carnaval de São Paulo.

Não guardava o alto astral só para si. "Eu brincava muito que o Instagram dela era perfil de autoajuda, porque praticamente não tinha fotos dela, ela postava mensagens motivacionais todos os dias, sempre incentivando a gratidão."

Regina passou os últimos anos da sua vida sendo avó do Guilherme, por quem era apaixonada e a quem se dedicava integralmente.

Nas palavras de Yasmin: "Minha mãe era minha melhor amiga e minha companhia pra tudo, nós éramos muito parceiras na vida. Ela era uma leoa, superprotetora. Se pudesse, trocaria de lugar com a gente pra não nos deixar sofrer, nos permitiria somente as bençãos da vida. Uma guerreira na linha de frente, que se sacrificava por nós sem pensar duas vezes. Atrás da armadura inabalável, sob as asas, estava o seu maior ponto fraco e sua maior fortaleza: o amor."

A família decidiu eternizar o carnaval de Regina, espalhando suas cinzas na Praça da Apoteose na Marquês de Sapucaí, sambódromo do Rio de Janeiro, ao som da música "Novo Amor", interpretada por Maria Rita:

"A luz apaga porque já raiou o dia
E a fantasia vai voltar pro barracão
Outra ilusão desaparece quarta-feira
Queira ou não queira terminou o carnaval
Mas não faz mal, não é o fim da batucada
E a madrugada vem trazer meu novo amor.”

Regina nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Regina, Yasmin Victória Souza Pinto de Sá Jeronimo. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Danielle Lorencini Gazoni Rangel/ Tatiana Natsu, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 5 de agosto de 2021.