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Ricardo Barcellos Semeghini

1966 - 2021

Cozinhava, contava histórias e soube cultivar amizades que duraram por toda sua vida.

Ele nasceu em São Paulo, no bairro da Pompéia, e cresceu como as crianças da época, com muitos amigos e brincando na rua onde morava.

Uma de suas melhores qualidades era fazer e nutrir amizades com verdadeira dedicação pessoal. Para isso, ele aproveitava até o tempo de "home office" para fazer videochamadas e bater longos papos, nas sextas à noite, com uma taça de vinho e muitas risadas. Graças a esse empenho, muitos dos amigos de adolescência e juventude continuaram presentes ao longo de sua vida.

Ricardo era uma pessoa maravilhosa, dono de um senso de humor muito raro, um contador de histórias encantador, que sempre transformava para melhor a atmosfera a sua volta.

Sempre adorou música, principalmente "rock'n'roll". Sabia o nome de bandas e de músicas, histórias das "tournées" e ouvia muito som. Desde o início da pandemia, Ricardo desenvolveu uma grande vontade de aprender a tocar violão.

Homem de muitos gostos e fazeres, adorava cozinhar. Buscava receitas, curtia encontrar coisas diferentes e testar pratos que via em programas de TV e nos livros de culinária que colecionava. Mas o que ele amava mesmo, de forma toda especial, era um caderno que fora escrito à mão por sua mãe e que reunia todas as receitas que mais lhe traziam recordações de sua família.

Ele era assim, profundo, e quando se envolvia com um tema não se contentava em ficar na superfície, tinha que saber tudo, conhecer tudo, pesquisar, estudar, e essa característica marcou o legado que deixou na vida, no trabalho, na convivência doméstica.

Era um pai era muito apaixonado e um marido amoroso e parceiro. Conversava com a filha quando pequena como se ela fosse adulta; questionava e a estimulava a discorrer sobre a escola, sobre as amizades e rotinas, e curtia cada momento que tinham juntos.

Essa cumplicidade foi também o que ficou marcado para tantos amigos que acompanharam o laço de amor que os uniu depois de vinte e seis anos de namoro. Uma união que durou onze anos, um amor que transparecia em seus olhos também quando se encontrava com seu pai, quando falava de sua mãe, e quando chegava para visitar seu irmão e dizia: "Oi, figlio!... Ohhh, fiiiiigliooo"! Era a senha para que ficassem horas e horas conversando, numa bonita relação entre irmãos que não se vê com frequência.

Lilian, a esposa, conta que Ricardo continua muito presente em sua vida, dizendo: “Ele está em cada história que é lembrada por quem o amava; por seus apetrechos de cozinha; pelos podcasts que ele recomendava; pelas apresentações que fez para clientes; pelos cafés que tomou em pé com o Luiz e com a Cláudia no escritório; pelas frases que repetia com risos para o Renato e para o Mamo; pelos almoços com a Pri, o Mauro e o Zé Gui; pelo sarro que ele tirava das trapalhadas da Paola; pela admiração pelo Leozinho e pela Rosa Maria; pelos papos com a Bella; pelos truques que ensinou ao Zach e ao Kive e pelos mil momentos de união com a Lilian... ele faz muita falta a todos nós"!

Ricardo nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Curitiba (PR), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Ricardo, Lilian Franco. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 8 de dezembro de 2022.