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Roberto Aparecido Silva de França

1968 - 2020

Em Osasco ficou conhecido como Betão da Ciganinha, por comandar a padaria reconhecida pelo bom atendimento.

Roberto, ou Beto, foi um filho muito esperado pelo Sr. João Guilherme e pela Sra. Maria. Foi o segundo de quatro irmãos: Maria Aparecida, Júlio e Rose. Um menino que veio para encher a família de orgulho. Perdeu o pai ainda criança, na Cidade de Dourados, no Estado de Mato Grosso do Sul, quando morava com a mãe e os irmãos. A família veio então para São Paulo e viveram por um período em uma favela em Osasco. Nessa época, Beto começou a trabalhar para ajudar no sustento da família.

Ainda muito novo, trabalhou como engraxate, ajudante de feira e cozinheiro em uma lanchonete. Aos 20 anos, apaixonou-se pela panificação trabalhando em uma padaria na Cidade de Jandira. A sobrinha e afilhada Danielle conta que, em uma ocasião, Beto falou para a família, que um dia seria dono de uma padaria. E assim lutou até conseguir.

Aos 23 anos, abriu seu próprio espaço, a Padaria Ciganinha, em Osasco. Passou a ser conhecido como Betão da Ciganinha. Para a irmã Cida, ele estava na melhor fase de sua vida, pois realizara seu grande sonho. Viveu mais de trinta anos de história nesse espaço. Conquistava os clientes com seu carisma, seu sorriso e seu atendimento impecável, reconhecido por todos na região. Os clientes vinham de longe só por causa dele. Em 2010, então com 40 anos, formou-se em Direito, realizando mais um sonho antigo. Sua formatura foi motivo de muito orgulho para a família. Tinha planos de também se dedicar à advocacia.

Foi casado por duas vezes. Do primeiro casamento, teve Eduardo. Pai e filho eram grandes amigos e parceiros. Quando da sua partida, Eduardo morava com o pai. Em 2013 conheceu Neide, sua segunda esposa. O casal compartilhou a vida com muito amor, cumplicidade e companheirismo. Juntos, conquistaram muitas coisas, como o apartamento que compraram e mobiliaram com todo esmero. “Ele gostava da nossa casa, para ele trazia paz”, comenta Neide. Compartilhavam todos os momentos juntos, desde a rotina do café da manhã, as caminhadas até as festas e as viagens. “Fazíamos tudo juntos”, comenta.

Fã de Anitta, Paula Fernandes, Eduardo Costa e Piseiro, gostava de músicas para dançar. Esses ritmos sempre tocavam no rádio de seu carro. Festeiro, gostava de estar entre amigos. Para ele tudo era motivo de festa também reunir a família e amigos para um belo churrasco. Fosse convidado pelos amigos, ou organizado por ele, sábado e domingo o churrasco era de lei. Pilotava uma churrasqueira como ninguém. Nessas ocasiões, não podiam faltar cerveja, caipirinha e cachaça artesanal. A chácara dos sogros, com quem tinha uma ótima relação, também era destino certo para desfrutar de momentos em família e, é claro, fazer churrasco.

A sobrinha Danielle reafirma que Beto era a alegria da família. Quando ele estava por perto, a risada e a diversão eram uma certeza. Ele foi o alicerce da família. Muito inteligente, sabia aconselhar a todos com muito acolhimento. O sorriso estampado, sua marca por onde passava, ficou marcado em todos que o conheceram.

Roberto nasceu em Naviraí (MS) e faleceu em Barueri (SP), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa e pela sobrinha de Roberto, Claudineide da Silva e Danielle Patrícia de Mello Vidal. Este tributo foi apurado por Daniel Ventura Damaceno, editado por Marília Ohlson, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2022.