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Roberto Caetano

1938 - 2020

Adorava o Leme, os esportes e um rádio "berrando" aos finais de semana.

Amante do Leme e dos esportes, Roberto tinha uma rede de vôlei que gostava de chegar cedinho na praia para montar ele mesmo. Também tinha um grupo com quem jogava futebol aos sábados à tarde.

Superpreocupado com os netos, e mais ainda com o sobrenome da família. Orgulhava-se ao dizer que ninguém nunca bateu à sua porta para fazer cobrança nenhuma. Sempre foi um homem correto e que cumpria seus deveres. Dedicado, trabalhou enquanto pôde, mesmo depois de já estar aposentado. Um pouco conservador, quis ter filhos homens. Não deu. Vieram duas mulheres. Roberto vivia dando conselhos sobre emagrecimentos e coisas do tipo. Era vaidoso.

Romântico, não esquecia das datas especiais. No Dia dos Namorados, todos os anos, Roberto fazia questão de celebrar o amor e mandava flores para as três mulheres da vida dele. A esposa e as duas filhas eram sempre presenteadas no dia 12 de junho.

Nos finais de semana, tinha mania de ouvir rádio no volume máximo. Como gostava de chegar na praia bem cedo para montar a rede de vôlei, às 7h da manhã o aparelho já estava ligado, servindo de companhia enquanto ele fazia a barba e se aprontava para sair. O quarto de uma das filhas ficava em frente ao banheiro, e Ana Cláudia acordava louca de raiva com a música do programa do Haroldo de Andrade. Anos depois, ela deu um celular para ele e o toque era a mesma música de abertura do programa. Quando o pai pediu para trocar, ela se recusou às gargalhadas, lembrando-se dos velhos tempos.

Querido pelos amigos e familiares, deixou saudade. A última vez que Ana e seu pai se viram, foi no hospital. Conversaram um pouco e tiraram uma foto. Todos tinham esperança de que ele se recuperasse. Infelizmente, não deu. Uma das maiores tristezas foi não poder fazer um enterro digno de Roberto Caetano. Mas um pedaço dele ainda continua ali, na rede de vôlei armada na Praia do Leme.

Roberto nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Roberto, Ana Claudia Gonçalves Caetano. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 18 de agosto de 2020.