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Roberto Craveiro

1945 - 2022

Tinha habilidades na cozinha que impressionavam a filha e a esposa, incluindo para fritar ovo quadrado.

Carta aberta de Paula para seu querido pai:

"Roberto Craveiro, a quem tenho o orgulho de chamar de pai, foi um homem verdadeiramente bom. Acho que essa era uma de suas maiores qualidades. Marido sempre presente e companheiro, com quase 50 anos de casado, e um pai absurdamente amigo e parceiro.

Dono de um bigode quase branco, conservado por décadas, e um cabelo não tão branco, ele sempre se apresentava com um sorriso pacífico no rosto, sem críticas ou julgamentos. Estava sempre disposto a ajudar a quem quer que fosse: amigos, familiares, até mesmo estranhos.

Adorava cachorro, especialmente a nossa poodle Mel, sua companheira por 16 anos - e uma das suas maiores fãs.

Gostava muito de pêssego, tortinha de morango, salada de feijão, pão e arroz com ovo frito; era especialista em fritar ovo quadrado e em fazer bauru para a filha; se virava muito bem na cozinha - minha mãe e eu sempre nos lembramos de um bolinho que ele fez, que ficou enorme, e da sua paciência para picar abobrinha.

Topava qualquer passeio, sem frescura, mas era a praia e o mar, suas grandes paixões, passadas, inclusive, de pai para filha. Como era lindo ver meu pai no mar, a felicidade estampada em seu rosto.

Gostava de samba e MPB, e torcia pro Corinthians. Gostava muito de assistir aos jogos do seu time e todos os outros que passassem na TV. Comemorou a entrada da filha na faculdade como se fosse uma conquista própria - porque era assim que ele encarava as coisas - se eu e minha mãe estivéssemos bem, ele também estava.

Tinha uma fé imensa em Deus. Enfrentou bravamente por seis anos uma hemodiálise, sem reclamar, que foi uma das fases mais difíceis da vida dele, mas conseguiu fazer o transplante renal e viveu bem por quase dez anos.

Apesar de toda a dor sentida, e ainda presente, eu celebro a sua vida, meu pai amado. Celebro sua memória e todo o amor que você espalhou por onde passou. Obrigada por ter sido o meu pai".

Roberto nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Roberto, Paula Hercy Cardoso Craveiro. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Talita Camargos, revisado por - e moderado por Ana Macarini em 4 de dezembro de 2023.