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Roberto de Andrade Torres

1946 - 2021

A serenidade estava na calma que envolvia suas palavras. Quando falava, todos paravam e ouviam com atenção.

Para muitos dos seus amigos ele era "Bob Towers". Foi marido, pai, avô e amigo querido. Praticou a bondade e a ética na formação da família e no cultivo das amizades, fazendo de sua vida um exemplo de retidão, de cuidado e de amor.

Viveu uma história de amor e de companheirismo com a esposa, conquistou o respeito e a admiração dos filhos e netos, formou vínculos firmes com os parceiros. Virtudes tão sólidas quanto as casas que ajudou a colocar de pé. Para além disso, foi habilidoso na arte de proporcionar boas lembranças.

Seu olhar para o próximo era apurado e o senso de justiça, primoroso. Aliás, presenciar qualquer manifestação de injustiça era um dos poucos motivos que o tiravam do lugar de calma e serenidade que costumava ocupar; além, é claro, dos momentos em que torcia pelo Flamengo.

Roberto nutria sua fé orando todos os dias em ação de graças por todas as adversidades superadas e por todas as alegrias concedidas, fosse a realização profissional das filhas ou o nascimento dos netos. Também intercedia, em voz alta — aos santinhos que repousavam na porta de dentro do armário —, por cada um dos seus familiares e amigos, e por todos os aflitos e necessitados.

Sua fé era exemplo. Sua vida virtuosa era inspiração. Ensinou as maiores lições de vida praticando os valores nos quais acreditava, cuidando e desejando o bem a toda e qualquer pessoa.

A filha, Renata, manifesta o orgulho que sente todas as vezes em que se dá conta ou é alertada por alguém de que está expressando uma característica herdada do pai. O desenvolvimento de uma bagagem cultural, a consciência sobre o valor das amizades e a importância de cativá-las são exemplos do legado imaterial que ela recebeu.

Renata comenta ainda ter herdado do pai o apuro pelas palavras, que, quando bem empregadas, permitem ordenar memórias e sentimentos de modo a não deixar escapar nenhuma razão para agradecer.

Reconhecendo que o mundo seria melhor se todos fossem iguais ao seu pai, ela retribui o amor recebido usando a força das palavras na mensagem: “Você partiu, mas não nos deixou”.

Roberto nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Roberto, Renata Gobert Torres. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Marina Machado Pereira Lins, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 13 de setembro de 2021.