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Roberto de Farias Onofres

1945 - 2020

Um homem de coração amoroso, que era fã dos filmes de faroeste da série “Django”.

Fez carreira como bancário na Caixa Econômica e estava aposentado.

Tranquilo, gostava muito de jogar dominó com os amigos. Apreciava carros e motos, mas nunca se cansou de assistir aos filmes do cowboy Django, produção muito popular no final dos anos 60, época de sua juventude. Ele acessava os episódios no Youtube e tinha a trilha sonora no celular.

Casado com Zeneide, tinham uma relação de muito companheirismo. Ambos vinham de casamentos anteriores.

Ela conta: "Quando conheci Roberto, ele era bonito e charmoso, além de bem-sucedido; o que o tornava um homem cobiçado. Era namorador. Porém, quando se encontraram, criaram laços de lealdade e respeito, que perduraram até os últimos minutos dos vinte e três anos em que permanecemos juntos (...) A gente não se separava nunca, fazíamos tudo juntos, tudo”.

Quando conheceu Zeneide, ele tinha cinquenta e dois anos e ela vinte e seis. Ambos já tinham filhos dos casamentos anteriores e ele foi como um pai para as duas enteadas, Jussara e Jucilene. “Ele foi mesmo excepcional, criou minhas filhas e foi um marido maravilhoso".

Ainda segundo a esposa, "era discreto e não falava mal de ninguém. Tinha sabedoria. Era amigo e conselheiro. Um dos ensinamentos que ela recebeu dele foi 'não levantar demais e nem baixar demais a cabeça; seguir com a verdade, sempre olhando para a frente'”.

Devoto de Nossa Senhora de Fátima, não frequentava a igreja, mas tinha uma fé inabalável. “Quando ele fazia suas orações à noite, pegava na minha mão e eu sentia a fé nele. Eu sei que ele está bem, porque era um homem muito bom”, relata a esposa.

Não costumava expressar os sentimentos por meio de palavras e sim por ações. Mas, Zeneide guarda no coração, como um momento sagrado, a memória dos últimos minutos em que estiveram juntos: “Quando ele ia entrar na UTI, eu dei um cheiro nele, ele olhou para mim e disse: ‘Muito obrigado por tudo, eu amo você’”.

Roberto nasceu em João Pessoa (PB) e faleceu em João Pessoa (PB), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Roberto, Zeneide. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bettina Turner, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 7 de junho de 2020.