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Roberto Pereira dos Santos

1951 - 2021

Pintava os cabelos toda semana e comprava todos os produtos de beleza que via anunciados na TV.

Roberto enfrentou muitas adversidades na infância, precisou trabalhar desde os cinco anos, pois tinha sete irmãos e a família, poucos recursos.

Não teve acesso aos estudos e, não sabendo ler e escrever, trabalhava com o que aparecia: foi padeiro, açougueiro, catador de papelão, engraxate. Por fim, encontrou-se como caminhoneiro. Transportava sucata e outros materiais, e considerava o seu primeiro caminhão, como o "caminhão da sorte" — fazia questão mantê-lo reformado, consertava qualquer mínimo defeito e jamais se desfez dele.

Foi pai de quatro filhos, que lhe deram cinco netos. Segundo Camila, uma de suas filhas, os netinhos eram a vida dele. Pintavam e bordavam com o avô, e davam muitas risadas juntos.

Roberto era um típico solteirão, mas estava à procura de um amor. Muito vaidoso, comprava todos os produtos de beleza que via nos anúncios da televisão e fazia questão de pintar os cabelos toda semana.

Homem de muita fé, era devoto de Nossa Senhora Aparecida. Passava meses fora de casa, rodando e dormindo pelas estradas do Brasil, mas sempre se sentiu seguro. "Ele falava que o anjo da guarda dele o avisava de tudo. Mesmo na estrada, ele sabia quando estávamos em perigo", conta Camila.

Roberto reconhecia a bondade de Deus em sua vida e era muito grato por isso. Seu legado de esforço e dedicação será eternamente lembrado por sua família.

Roberto nasceu em Salto da Divisa (MG) e faleceu em Sete Lagoas (MG), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Roberto, Camila Evelyn Reis dos Santos. Este tributo foi apurado por Luma Garcia, editado por Luma Garcia, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 18 de janeiro de 2022.