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Rodrigo Griz Ferron

1980 - 2021

Um homem de alma gigante e coração de menino que foi um exemplo de responsabilidade e um apaixonado por tecnologia.

Um homem feito que ainda tinha consigo a doçura de uma criança. Um misto de maturidade ― com toda sua honestidade, caráter, empatia e responsabilidade com a família e amigos ― e da ingenuidade de quem, de certa forma, permaneceu menino. "Meu menino", diz a esposa Júlia.

O gaúcho que manteve o sotaque carregado mesmo depois de anos morando em Natal, amava a praia, o mar, a areia e um bom reggae ou rock. Dizia que não precisava de muito pra ser feliz e mostrava isso no dia a dia. Sua vida sempre foi simples, mas foi capaz de ser gigante para os que o conheceram.

Júlia conta que o maior compromisso de Rodrigo era honrar a própria mãe e também a ela, enquanto esposa. Como filho, era muito dedicado, abnegado e amoroso. Não dispensava carinho, abraços, o beijo e o boa-noite diário, mesmo já com seus 40 anos.

Como esposo, também se dedicou por inteiro. Júlia conta que o casal se conheceu pela internet, em 2016. Ela não imaginava que, dali, nasceria um amor tão intenso, digno e bonito. "Fui surpreendida pelo melhor homem que já tinha visto em toda minha vida: amável, acolhedor, carinhoso, honesto, meu maior fã, incentivador dos meus sonhos, um pai para meu filho de forma inigualável. Meu melhor amigo. Em todos os quesitos eu fui a mulher mais feliz, mais acariciada, elogiada e admirada deste mundo", afirma ela.

Rodrigo era um homem apaixonado pela natureza, pelos animais e, sobretudo, pela família. Foi pai de Gui e, juntos, se divertiam à beça. Por vezes, os dois eram vistos aos risos, no chão da sala, com jogos de tabuleiro ou videogame. Se divertiam brincando juntos na piscina de casa, construindo castelos na areia da praia, na rua com um pneu velho de trator que transformavam em carrinho, construindo brinquedos velhos nas visitas ao sítio… Criatividade e alegria nunca faltavam! Era o pai que todo garoto quer ter e também o tio favorito das crianças.

Com os amigos, era um moleque. Gostava de coisas de "nerds", jogar seu videogame, comer sua pipoca e assistir às suas séries favoritas; principalmente as de super heróis e histórias clássicas da vida no espaço. Era curioso e estava sempre ansioso por aprender e explorar o mundo da tecnologia e seus avanços.

No trabalho, Rodrigo era exemplo. Responsável ao extremo, nunca se atrasou e nem faltou por motivos banais. Cumpriu todas as suas obrigações e se destacou como um ótimo funcionário em todos os lugares em que trabalhou. Quando atuou com vendas, foi reconhecido pelos clientes por seu espírito humano, honesto e acolhedor.

Durante a pandemia, medroso como era, se cuidou como ninguém. Seguiu todas as orientações e fez até mais do que o que era pedido. Embora saudável, acabou sendo "mais uma vítima desse caos", como explica Júlia. Rodrigo deixou sonhos por realizar, mas também muitas boas lembranças vividas junto com os seus. "Rodrigo era a luz dos nossos dias. Fomos muito felizes!", afirma a esposa.

Para Júlia, a falta que Rodrigo faz é proporcional à sua presença: gigante. Como uma pessoa reconhecidamente boa, segundo os testemunhos de outras que o conheceram, Rodrigo não será esquecido. "Ele vive em mim e vive em nós" são as palavras de Júlia que encerram esta homenagem.

Rodrigo nasceu em Passo Fundo (RS) e faleceu em Natal (RN), aos 40 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Rodrigo, Júlia Quintela Brandão de Gusmão. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 10 de novembro de 2022.