1939 - 2021
Quieto como um bom mineiro, escondia a mentira com um biquinho e logo um sorriso. Todos sabiam.
Mineiro de Juiz de Fora, viveu parte de sua adolescência na fazenda de um tio em Minas Gerais. Depois voltou a morar com seus pais, José e Celeste, e com seus irmãos, Risa, Amaury, Paulo e Maria Celeste, no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro.
“Aproveitou bastante sua adolescência naquela época de "Anos Dourados" com sua lambreta para baixo e para cima”, conta sua filha Eliane. Uma época de muitos sonhos e descobertas.
Ronaldo era muito querido pelos colegas de trabalho do Banco Banerj, que o chamavam de Brizola. “Era muito parecido”, confirma a filha.
Sempre muito determinando no que se dispunha a fazer, Ronaldo, mesmo trabalhando, casado e com filhas pequenas, ainda conseguiu se formar em Ciências Contábeis. Depois de um dia intenso de trabalho na agência da Tijuca ainda se deslocava para Caxias onde fazia faculdade à noite. Energia não lhe faltava para alcançar seus objetivos.
“Lembro com muito orgulho do dia da sua formatura em que estávamos lá para homenageá-lo”, conta a filha. Uma realização e uma alegria para toda a família, que testemunhou sua dura jornada por alguns anos.
O amor de sua vida, Ronaldo conheceu no casamento de seu irmão. Ela era prima da noiva e bastou começarem a conversar que seus olhos confirmaram que nasceram um para o outro. Foram cinquenta e oito anos de união. “Meus pais tiveram anos de muita luta, cumplicidade e amor”, diz a filha.
Ronaldo foi um homem totalmente dedicado à família, seu maior bem. Sempre ensinou aos filhos que a família era a base de tudo e que mesmo nas dificuldades todos deveriam permanecer unidos, ajudando uns aos outros.
“Homem dócil, amável, sensível e querido por todos”, diz a filha. Ronaldo era tão amoroso que as pessoas, mesmo sem nenhum grau de parentesco, sempre chegavam chamando-o de tio ou de avô. Ele era um agregador que amava viver de bem com a vida.
“Sempre cabe mais um”, dizia ele de coração aberto para quem chegasse. E chegaram outros dois filhos da família que ajudou a criar. Ronaldo não media esforços para acolher. Ganhou assim outros filhos que o chamavam de pai. “Seu coração era enorme”, enfatiza a filha.
Ronaldo amava viajar com a família, topava tudo. Foi até para a Disney com as netas. Um de seus grandes prazeres era quando a família se reunia no fim de semana. Bastava um chope ou um vinho e uma conversa sobre qualquer assunto, que sua felicidade era completa. Quando se aposentou, passou a curtir ainda mais a vida.
Amor e família foram as duas coisas mais importantes em sua vida e foi o que deixou de ensinamento. “Pai, nós te amamos”, conclui Eliane em nome dos irmãos, da esposa e dos netos de Ronaldo.
Ronaldo nasceu em Juiz de Fora (MG) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 82 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Ronaldo, Eliane Gonçalves Aguiar. Este tributo foi apurado por Mariana Nunes, editado por Míriam Ramalho, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 12 de março de 2022.