Sobre o Inumeráveis

Ronaldo Sasso

1967 - 2020

Cultivou a boa vizinhança e a solidariedade com o mesmo zelo que tinha pelos jardins da cidade.

O ativismo político — marca do ABC paulista — foi o que deu ao sul-caetanense Ronaldo o apelido que o acompanhou durante a vida. "Aos 20 anos, costumava participar das carreatas na cidade. A buzina da moto dele fazia um barulho similar a PIPI! PIPI! PIPI! Daí, o prefeito daquela época passou a chamá-lo de Pipi. E assim ele ficou conhecido por todos", explica a filha Vitória.

Espontâneo e alegre, Ronaldo tinha o coração florido como os parques e jardins que supervisionava. Pipi foi coordenador de limpeza pública na cidade-natal e também em São Bernardo do Campo, onde monitorava a limpeza dos bairros do município.

Homem de um único grande amor, Pipi casou-se com Vanda e tiveram duas filhas: Vitória e Júlia. "Em seu tempo livre, amava estar com a família. Às sextas-feiras, fazia o dia do lanche, preparado por ele com todo amor e carinho. Aos sábados, fazia um churrasquinho em casa para os familiares. Aos domingos, levava café da manhã na cama para sua esposa e suas filhas, as mulheres de sua vida", revela a primogênita.

Empático, estava sempre disposto a ajudar. A filha conta que certa vez uma tempestade muito forte na cidade causou uma enchente na qual várias pessoas perderam tudo. "Meu pai conhecia uma senhorinha muito humilde que trabalhava com ele. Sabia que a casa dela havia sido tomada pela água e decidiu levá-la até uma loja de móveis: 'Tia, pode comprar tudo o que você perdeu'. Ele nunca contou isso pra gente. Até que um dia minha mãe caminhava pelas ruas de São Caetano e a mesma senhora a abordou, perguntando: 'Você é a esposa do Pipi?' Minha mãe disse que sim. Daí ela revelou: 'Seu marido é uma bênção. Perdi todos os móveis na enchente e ele me levou até a loja e falou que eu podia comprar tudo que precisasse, pois ele pagaria".

A história trouxe muito orgulho para as três meninas de Pipi, confirmando o que já sabiam: ele fazia o bem sem olhar a quem, e jamais alardeou seus gestos de bondade feitos de coração. "Ficamos emocionadas com a atitude de papai porque simbolizava todo o amor, o carinho e a solidariedade que ele devotou ao próximo durante toda a vida", relembra Vitória.

O bom humor de Pipi está fazendo muita falta. Ele cativava as pessoas por onde passava, uma vez que era genuinamente alegre e brincalhão. "Meu pai foi muito amado por seus amigos e por seus familiares. Com seu jeito espontâneo, fazia o impossível para arrancar sorrisos de quem encontrasse pelo caminho".

Ronaldo nasceu em São Caetano do Sul (SP) e faleceu em São Caetano do Sul (SP), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Ronaldo, Vitória Sasso. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Luciana Assunção, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 19 de janeiro de 2022.