Sobre o Inumeráveis

Roque Monteiro da Conceição

1973 - 2020

Enfermeiro corajoso e dedicado, era reservado no trabalho. Em família ou no carnaval, porém, era o mais animado.

Roque ainda era bebê e já lutava pela vida. Seu nome é uma homenagem a São Roque, padroeiro dos acometidos por doenças infecciosas e padroeiro dos enfermeiros. Na hora do parto, sua mãe pediu pela vida do filho que estava tendo dificuldades. Coincidência ou destino, 18 anos depois ele se tornou um técnico em enfermagem.

Com humildade singular, simpatia e esforço, não demorou a conseguir seu primeiro emprego em um hospital. Estudou, se esforçou e conseguiu passar em dois concursos públicos dedicando 20 dos seus 46 anos à assistência.

Cuidava das pessoas com carinho, dedicação e humanização. Era generoso e atencioso. Por onde passava cativava pacientes e seus familiares, assim como colegas de trabalho, embora fosse muito reservado.

Por outro lado, em família era o mais disponível e animado, o churrasqueiro dos finais de semana no sítio. Em fevereiro, adorava os bloquinhos de carnaval do Curuçá.

Além do nome de São Roque, herdou também o amor pelos animais, principalmente cachorros. Max, Mel e Beethoven (um casal de pastores alemães e um vira-lata) eram suas paixões.

Com muita coragem e dedicação, esteve na linha de frente no combate à pandemia. Para ele, era primordial estar na batalha. Partiu sob aplausos dos colegas de trabalho no dia dedicado a homenagear o técnico de enfermagem. Honrou a profissão que escolheu. A enfermagem perdeu um bravo soldado. A família, um grande irmão e tio.

-
Pai Roque assim era chamado por sua afilhada Karla.

Enfermeiro há 25 anos, 12 deles dedicados ao hospital onde faleceu, Gaspar Vianna, e ao CAPS. Amava o que fazia!

Sempre preocupado com sua família e amigos dizia a todos que se cuidassem; e acabou esquecendo de si mesmo. Irmão, tio, padrinho, amigo, como era querido por todos! Gostava de cuidar de suas plantas, de seus cachorros. Adorava o carnaval e adorava estar junto com sua família. "Ficam boas lembranças suas", conclui Karla.

Roque nasceu em Castanhal (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 46 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas sobrinhas de Roque, Josiane e Karla. Este tributo foi apurado por Ricardo Pinheiro, editado por Noêmia Maués, revisado por Didi Ribeiro e moderado por Rayane Urani em 19 de julho de 2020.