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Rosália da Assunção Pires

1932 - 2020

Mulher portuguesa, durona e corajosa. Ouvia sempre a "Ave Maria" pela rádio da Igreja Católica.

Dona Rosalina, para os mais próximos, vivia no Brasil desde o finalzinho da década de 1950, mas possuía o grande sonho de retornar para sua querida terra de origem. Adorava lavar roupas e fez isto por muitos anos. Mesmo depois de não trabalhar mais nessa função, continuava em casa e não admitia máquina de lavar. Enfrentou muitas dificuldades e, mesmo com pouca condição financeira e falta de estudo, criou muito bem os quatro filhos, dando o seu jeitinho para não faltar nada em casa.

De vez em quando, cantarolava músicas portuguesas, além de adorar as músicas do Padre Marcelo Rossi.

Além disso, as coisas tinham que ser feitas da sua maneira e colocadas no lugar onde ela anteriormente as havia posicionado. Fazer o café tinha que ser do modo que ela mostrava.

Adorava quando conseguia reunir todos, em épocas festivas, para um almoço juntos, como no Natal. Como gostava muito de cozinhar, fazia toda a comida e também as sobremesas.

Gostava de fazer um pão português recheado com paio, chamado ‘folar’, o qual também amava comer. Quem visitou a Dona Rosalina e não aceitou um cafezinho? Um bolinho? Se têm folar e pizza, foi ela quem preparou e não ouse recusar! Para os netos: brioches, bananinha amassada com açúcar e chocolate granulado, sorvete, doce de leite e guaraná. Tudo feito com muito amor.

Apaixonada pelos netos e pela bisneta. Ao precisar fazer uma cirurgia de emergência, deu uma ordem ao médico: queria conhecer a primeira bisneta, que havia nascido em Porto Seguro. O processo ocorreu bem e ela pôde conhecer a tão amada Helena.

Era muito querida por todos: vizinhos, amigos, porteiros e até dos caixas de supermercados ela ficava amiga. Tinha uma relação muito boa com as amigas, sempre telefonando e ajudando quem precisasse. Gostava de cuidar e agradar todos a sua volta.

Dona Rosalina foi um ser humano incrível, exemplo de força, de amor ao próximo e de muita fé.

Rosália nasceu em Vinhais, Bragança (Portugal) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 88 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta e pelo filho de Rosália, Anna Carolina Saldanha e Marcelo Pires . Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ana Beatriz Fonseca, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de novembro de 2020.