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Rosana Grazzini

1962 - 2020

De tão bondosa, dedicou a vida a cuidar da irmã de coração, para quem foi base, estrutura, teto e luz.

Conhecida como Sana por todos, ela era, para Thaís, a Sana do amor, a Sana luz, a Sana da bondade. A Sana que não pariu, mas que parou a vida com a chegada dessa bebê adotiva.

"Foi amor à primeira vista, e foi recíproco", diz Thaís.

Ela conta que, quando nasceu, sua mãe biológica não pôde criá-la. Então foi adotada pela madrinha, dona Marly. Mas era Sana, a filha da madrinha, quem trocava as fraldas, dava mamadeira e cuidava dela como se fosse a própria filha.

Até seus 8 anos, Thaís e Sana dividiram a mesma cama, pois a menina tinha medo de dormir sozinha. E assim a pequena cresceu, recebendo a ajuda e os mimos dessa meio irmã e meio mãe de coração, em todos os aspectos.

Nos papéis de confidente, amiga, irmã e mãe, Sana acompanhou e participou do desenvolvimento de Thaís durante toda a infância ─ era ela quem levava e buscava na escola. Depois de adulta, era Sana que, todos os dias, pela manhã, acompanhava Thaís até o portão, na saída para o trabalho e, à noite, lá estava ela no portão de novo, esperando que ela retornasse da faculdade.

“Ela não me deu a vida, mas me deu amor, carinho e educação. Nós éramos muito próximas. Meu filho Lucca também era louco por ela!", conta Thaís, que, após se casar, fez um quarto na casa para sua irmã-mãe.

Além do papel de tutora, Sana trabalhou fora por vinte anos como secretária do lar. Nas horas livres, cuidava da família, fazia tricô e arrasava no bingo. Isso mesmo. Em casa ou na vizinhança, não tinha pra ninguém se ela estivesse no jogo.

O mesmo acontecia quando se tratava de bolo de aniversário. Cozinheira de mão-cheia, nenhuma data passava em branco graças a ela; e toda a família, por quem nutria imensa paixão, mantinha-se unida.

Um fato curioso, relatado por Thaís, é que Sana não andava na rua sem encontrar alguém conhecido, qualquer que fosse o bairro ou a cidade.

Sana também é lembrada por ter sido uma pessoa caridosa, muito amada por todos e idolatrada pelas crianças. Do tipo que tirava da própria boca para dar aos outros e possuía um esconderijo de doces em casa para agradar a criançada.

Lucca ia direto para lá quando a visitava, mesmo sem o aval da mamãe Thaís, para quem Sana era a pessoa mais doce e simples que ela conheceu na vida. Sempre alegre, sorridente e habilidosa para confortar com as palavras.

“Até no dia em que foi para a UTI, não tirou o sorriso do rosto. Dizia que estava bem e que só queria ir para casa”, relembra Thaís.

Saudosa de sua presença, a irmã-filha de coração finaliza: “Esteja onde estiver, nossa família será eternamente grata a ela por ter feito parte de nossas vidas. Amamos você, Saninha”.

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Uma homenagem para o pai de Rosana, Hugo Grazzini, também está disponível neste memorial no link: https://inumeraveis.com.br/hugo-grazzini/

Rosana nasceu em Mauá (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 57 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã e filha do coração de Rosana, Thaís Issa. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Mariana Quartucci, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 21 de novembro de 2020.