Rubens Celso de Souza Lima

1960 - 2020

Quando triste, ou muito feliz, entrava num quartinho pra tocar blues na sua gaita.

Não saia de casa sem tomar banho. Não tinha essa possibilidade.

Também não comia fruta gelada. Tinha que as aquecer no microondas, do seu jeito. Nove segundos para aquecer mamão, seis segundos para mexerica. Cada fruta tinha seu tempo.

O terceiro de uma família de cinco irmãos, cresceu no bairro de Moema, em São Paulo.

Sempre sensível às pessoas em situação de rua, contribuía mensalmente em várias frentes de ajuda à essa causa. "A gente não tem ideia do que essas pessoas passam".

Rubens era um romântico dedicado. Conheceu Cecília sua esposa aos 17, ela tinha 13. Namoraram por sete anos, se casaram, tiveram duas filhas e permaneceram juntos por toda a sua vida. "Meu único namorado, único homem na minha vida. Eu tive uma vida muito feliz com ele."

Realizaram juntos o sonho de viajar para a Itália. Ela queria conhecer Veneza, ele queria "tomar um Montalcino em Montalcino".

Rubens tinha muitas paixões simples, como tocar gaita, assistir vídeos fofos de cachorro, consertar e melhorar coisas na casa. Mas era especialmente apaixonado por esportes e cinema. Suas filhas cresceram assistindo o cineasta suéco Ingmar Bergman, e acordando de madrugada para assistir Fórmula 1 e UFC.

Foi o principal professor de história de suas filhas, e um grande incentivador do pensamento feminista delas. "Ele ensinou a gente a nunca depender de um homem. Nem emocionalmente nem financeiramente." lembra sua filha Thamiris.

Na infância viajavam todas as férias juntos, os quatro. Ele, sempre filmando e fotografando, deixou um legado de muitas imagens, por que fazia questão de guardar a memória da infância das filhas.

Em 2013, durante uma exposição de arte em São Paulo, Rubens e Cecília, participaram de uma performance onde declararam publicamente o amor que sentiam um pelo outro. O resultado dessa declaração se tornou uma escultura que emocionou um grande grupo que acompanhava a performance.