Sobre o Inumeráveis

Rubens João de Barros Júnior

1964 - 2020

Dedicou-se à arte de corpo e alma. Desenvolvia projetos num piscar de olhos, tirando-os do papel com maestria.

Conseguiu o "impossível": sobreviver e criar uma família fazendo o que amava, mesmo sendo da periferia da zona norte de São Paulo. Foi um primoroso escultor e pintor de artes. “As pessoas do mundo da cenografia conheciam o nome dele, era o famoso Rubão”, relata sua filha Karen.

Sempre muito inteligente, Rubão tinha um rápido raciocínio lógico, todos ficavam muito impressionados com sua capacidade fora do comum.

Mas ele não conseguiu tudo sozinho. Na vida, teve muito apoio da sua amada esposa Janete, que esteve ao seu lado por trinta e três anos. Foram muitas lutas e obstáculos, enfrentados com muito suor. Dessa parceria saíram muitas conquistas, todas comemoradas com abraços calorosos em sua família, que era a coisa mais importante de sua vida. "Eu viveria tudo novamente ao seu lado", declara, com orgulho, Janete.

A arte de Rubão está em dois monumentos: a Estátua de Nossa Senhora de Aparecida, na entrada da cidade de Coronel Macedo, em São Paulo; e a Escultura do Capitão Bellini, na entrada da cidade de Itapira, também em São Paulo. Entre outras realizações, durante dezesseis anos esteve à frente de todos os trabalhos artísticos da FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty, embelezando os palcos para receber os diversos escritores que admirava.

Rubão também foi músico e compositor. “Com o seu inseparável violão, tocava, cantava e encantava todas as pessoas que tiveram a oportunidade de ouvi-lo”, lembra Karen. Dedicou-se ao Coral Lírios, parte integrante do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, durante os últimos três anos de sua vida. Participou de diversas apresentações como tenor e tinha grande felicidade em poder estar lá. "Ele os amava como uma família."

Além de Karen, também teve Karol e elas lembram que, quando aconteciam apresentações de ballet ou alguma prova difícil, ele estava lá, ajudando e torcendo por elas. Acompanhava-as em shows, entrevistas de emprego, palestras, eventos, passeios no shopping e mesmo ao hospital.

“As pessoas falavam dele, admiradas, que era inteligente, que tinha uma linda voz, que era um artista! Mas ele era muito mais. Seu olhar sereno acalmava qualquer um. Seu sorriso confiante trazia força e coragem para a gente seguir em frente", dizem as duas, emocionadas: "As coisas ficam difíceis sem o seu abraço. Faz falta a sua voz e o seu carinho, você vai ser para sempre nosso herói."

Rubão foi um homem-menino muito brincalhão e engraçado. Por mais que a vida estivesse difícil, sempre encontrava motivos para sorrir. Era um ponto de luz na escuridão, sempre trazia soluções para qualquer problema.

Era fã número um de animes, seus preferidos eram Naruto e One Piece. Adorador dos quadrinhos e filmes da Marvel e DC, seu herói preferido era o Hulk. Amava as trilhas sonoras dos filmes. Os seus dias mais felizes foram na estrada, ouvindo as músicas favoritas da família — eles faziam um mix de músicas, para todo mundo ficar feliz. Rubão ficava eufórico quando ouvia Nina Simone, Ella Fitzgerald, Marisa Monte e Chico Buarque, entre muitos outros grandes artistas, nacionais e internacionais.

Acreditava no amor e nunca deixou as pessoas que conviviam com ele deixarem de acreditar. Homem romântico e sensível, sempre que tinha oportunidade, dedicava à esposa a música "Dona", do Roupa Nova. Com as filhas, a música que cantavam juntos era "More Than Words", do Extreme.

Um grande cidadão, acreditava que todos tinham direito à justiça, e que "o povo deveria escolher os governantes com muita responsabilidade". Ele escolheu os seus, e também escolheu viver pela arte, com muito amor e dedicação.

Rubens nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Rubens, Karen Jacinto de Barros. Este tributo foi apurado por Carla Cruz, editado por Marcela Matos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 11 de agosto de 2020.