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Ruthe Medeiros de Campos

1957 - 2020

Ruthe tocou e encantou a todos com música e conselhos.

Se reencontrar é uma delícia. Depois de criar os filhos e levar uma vida de altos e baixos, Ruthe decidiu passar pela universidade, aos 61 anos. Queria compartilhar com os colegas as vivências e os aprendizados filosóficos do filho Wagner. Queria dar um passo além. Essa gana resultou em seu diploma de assistente social.

A menina de Porto Velho nasceu ensolarada. Teve uma infância simples, mas cheia de aventuras. Dividiu com seus muitos irmãos os banhos de rio doce e a natureza da Amazônia. Na adolescência, foi bancária. Viajou e se apaixonou. A fé lhe introduziu uma de suas primeiras paixões: o órgão. A música clássica enchia seu coração. Dedicou sua arte à Igreja, louvou a Deus. Foi uma mãe que tocava Bach e Beethoven para seus filhos.

Devido à infância simples, perdeu alguns dentes. Por isso, fez os filhos valorizarem os seus. Ensinava os filhos a não repetirem seus erros. Quis o destino que vivesse em La Paz em uma época sufocante. Fez seu melhor. Ensinou música voluntariamente na cidade e, até hoje, muitos por lá são gratos a ela. Mais uma vez, a música transbordou.

Grande vitória para Ruthe foram os diplomas dos filhos. De dentição perfeita, seguiram também os conselhos de buscar a educação superior. Era esse seu maior tesouro. Falava o que vinha à cabeça, mas media as palavras idealmente para um bom conselho ou mensagens de alento.

Ruthe deixa saudades aos filhos Wagner, Afonso, Débora e Salomão; e aos netos Vinícius, Brianna e Elisa Ruthe, batizada em homenagem à avó.

Ruthe nasceu Porto Velho (RO) e faleceu Porto Velho (RO), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido Filho de Ruthe, Afonso Batista da Silva. Este texto foi apurado e escrito por , revisado por Daniel Schulze e moderado por Rayane Urani em 18 de agosto de 2020.