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Sandra Hercilia Schincariol de Souza

1963 - 2020

Uma professora culta e viajada que amava as tardes de domingo para estar com a família e acredite, lavar a louça.

Conhecida na família e pelos alunos como “Tia Sandra”, Sandra Hercília era professora na Zona Sul de São Paulo, no mesmo bairro em que morou por toda a vida. Nele viu várias gerações se formarem como músicos, dentistas, enfermeiros, engenheiros, professores e outras profissões.

Gostava muito de dar aulas. Era formada em Pedagogia e também em Letras e, logo que se formou, já assumiu a Escola que lecionaria por muitos e muitos anos. Exigente com seus alunos, acreditava na Educação como forma de se melhorar de vida e, chegou a tornar-se diretora escolar.

Encontrar-se com seus ex-alunos era sempre motivo de grande alegria e, mesmo aqueles que não tiveram muitas oportunidades, a enchiam de orgulho por terem se tornado pessoas de bem. Dizia que o importante era gostar do trabalho que se faz e que todas as profissões são igualmente importantes, dignas e necessárias.

Casada por mais de 30 anos com Carlos Antônio, um oficial bombeiro, teve dois filhos, Tamíris, hoje nutricionista, e Thiago, que enveredou pelos caminhos da música. Ambos a orgulhavam muito com suas conquistas. Foi tia de sete sobrinhos que adoravam ouvir suas histórias que serviam de exemplo para a vida. Com sua Sabedoria, sempre tinha um sábio conselho para dar.

Era alegre, bonita, vaidosa. Gostava de cuidar do corpo indo a hidroginástica e fazer as unhas todas as semanas, sem exceção. Seus hobbies eram a leitura, o artesanato, as conversas com a familiares e amigos, além de mexer no seu celular, é claro.

Pessoa de convivência pacífica, nunca tecia comentários negativos sobre qualquer pessoa.

Culta, amava viajar com esposo, Carlos. Conheciam vários lugares tanto dentro do Brasil como fora, na Europa. Os dois eram muito companheiros e sempre planejavam tudo o que faziam juntos. Ela estava aposentada e sabia curtir esse período mais calmo de sua vida.

Sandra era a pessoa que agregava a família, ligando ou mandando mensagens para todos os parentes, alguns residentes na capital ou interior de São Paulo e outros mais distantes lá no Nordeste, mais precisamente em Água Branca, interior de Alagoas.

Gostava de reunir-se aos domingos ao redor do fogão para cozinhar e contarem como foi a semana de cada um. Tais encontros eram só alegria e faziam com que o domingo parecesse curto. A despedida rotineiramente era após as 18h, com o compromisso de se estar todos juntos novamente no final de semana seguinte.

O local destes cafés das tardes de domingo era a casa de sua cunhada Dirce. Agradável e divertida, demonstrava sentir muito prazer nestes encontros e fazia muito questão dos mesmos pelo simples fato de ser uma oportunidade de estar junto.

Um hábito marcante nestas reuniões em família é que ela fazia sempre questão de lavar e secar a louça. Fazia questão de não passar o bastão para ninguém e isso rendia boas risadas.

E foi assim ano após ano.

Especial e iluminada, companheira de todas as horas para seus familiares e amigos, não se cansava de compartilhar seu amor no grupo da família.

Deixou a todos com o coração partido e, de forma especial seu marido Carlos que revela sua gratidão pelo companheirismo, amizade, amor, cumplicidade e os dois filhos com os quais Sandra lhe presenteou sua vida.

Será amada para sempre pelos amigos e familiares que, apesar de inconformados com a impossibilidade de uma despedida digna e à altura do que ela representou em suas vidas, seguem apoiados na sua crença de que um dia se reencontrarão.

Sandra nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela cunhada de Sandra, Dirce Noia de Souza. Este tributo foi apurado por Irion Martins, editado por Vera Dias, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 14 de dezembro de 2020.