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Sebastião da Lima Vasconcelos

1925 - 2020

Entre todos os desafios da vida, o que mais amava eram as palavras cruzadas.

Sebastião da Lima Vasconcelos, engenheiro e contador aposentado pelo Banco do Brasil, adorava palavras cruzadas, daquelas das mais difíceis. Amava as palavras e o desafio, sempre se lembrando de todas as poesias que lia, inclusive coisas da época de colégio.

Vasconcelos, como era chamado, tinha uma relação ímpar com a sua família e amigos. Era o patriarca da família e o amigo mais velho, amado incondicionalmente por todos.

Esse amor de sobra que possuía originou uma história interessante com o seu maior deles, Neuza de Campos Vasconcelos, com quem foi casado por sessenta anos.

As histórias de amor à primeira vista geralmente são boatos de filmes internacionais. Mas foi o que aconteceu quando Sebastião viu Neuza pela primeira vez, passando em uma procissão, se apaixonando na mesma hora.

Procurou pela cidade inteira sem ao menos saber seu nome — ou até mesmo sem saber que ela seria a mulher de toda a sua vida — quando finalmente conseguiu o seu contato. Namoraram por quatro anos e se casaram, vivendo uma história de amor por mais sessenta. Sempre diziam que não saberiam viver sem o outro.

Vasconcelos era prestativo com qualquer pessoa. Não só ajudava os outros, mas também a sua família, a igreja e várias outras instituições por todo o tempo que viveu.

É lembrado pelo seu amor e companheirismo com todos, atributos que conquistavam qualquer pessoa que já o conheceu, motivo de todos gostarem de estar perto dele e conversar por horas e horas.

No dia 11/04, antes de ser entubado, fez um vídeo cantando parabéns para a sua esposa. E mais uma vez falou o que sempre demonstrou por toda a sua vida: "Te amo".

Sebastião é sobrevivido pelo seu filho Cláudio e sua neta Tályta, criada como filha sob o amor sem fim que sempre teve.

"O amor da minha vida. Meu pai, meu avô, meu tudo", relata a neta.

Sebastião nasceu Maranhão (MA) e faleceu Belém (PA), aos 95 anos, vítima do novo coronavírus.

Jornalista desta história Theo Costa, em entrevista feita com neta Tályta Silva de Vasconcellos, em 21 de maio de 2020.