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Sebastião Lúcio Pereira

1943 - 2020

Com seus versinhos engraçados Tião levava alegria à família e à mesa de sinuca.

Tiãozinho era aquela pessoa que dava gosto ter por perto. Era ótimo pai, esposo e amigo. Coração bom, homem honesto e de um bom humor contagiante. Não tinha quem não sorrisse diante de uma de suas respostas em forma de verso, cheio de simpatia e humor.

No dia a dia no exercício de suas tarefas em casa, como bom mineiro que era, às vezes demorava um tiquinho a mais, o que testava a paciência de Bruna. Ao ser indagado pela filha: "Vai demorar demais com esse trem aí?", tinha a resposta prontinha: “Vai demorar o tempo que o mosquito engole um boi”. Impossível não cair na gargalhada, e a irritação com a demora já passava.

Apaixonado por futebol, tinha como time do coração o Cruzeiro. Era cruzeirense roxo. Torcia, sofria e dava risada, tudo junto, mas não perdia a fé de ver o time de coração triunfar novamente entre os grandes do futebol brasileiro.

Uma das suas diversões favoritas era a sinuca. Era jogador dos bons! Não tinha para ninguém na mesa quando o Tião chegava, até ídolo ele tinha: o Baianinho. As jogadas do ídolo o inspiravam e ele com maestria se destacava na arte do taco.

Tiãozinho tinha luz própria por tanto brilhar em tudo o que fazia, inclusive na profissão: e não é que era um eletricista de primeira! O trabalho para ele era uma diversão. Até versinho sobre isso ele tinha: “Ave marela cheia de galho, morro de fome mas não trabalho!", recitava alegremente.

Na vida ele não trazia só a luz elétrica, mas também a energia positiva de alguém cheio de vida, carinho e amor para compartilhar. Era dedicado ao serviço ao próximo, sempre ajudando a quem precisava, fosse com uma palavra vinda de um versinho carinhoso, fosse até com ajuda financeira.

A filha Bruna lembra com saudade do pai, que para ela era o melhor em tudo o que fazia. “Meu pai ainda continua vivo no meu coração, e nos meus pensamentos todos os dias.”

Tião era muito brincalhão e sua chegada ao céu certamente animou a turma. Especialmente o porteiro, que deve ter ouvido um dos versinhos preferidos dele por aqui: "Para Pedro, Pedro para, esse Pedro é uma parada!". Festa no céu, saudade na Terra.

Sebastião nasceu em Nepomuceno (MG) e faleceu em Alfenas (MG), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Sebastião, Bruna de Cassia Pereira Teles. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Ana Clara Cavalcante, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 20 de julho de 2021.