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Selma Aparecida de Souza

1958 - 2020

Como professora, acreditava que as pessoas poderiam ser melhores.

Tia Selma, como era conhecida na cidade pela carreira de professora e gestora na educação infantil, dedicou a vida à família. Não chegou a ter filhos, mas tinha pelos sobrinhos um amor sem igual. "Ela ajudava em todos os sentidos, tanto com cuidados, como financeiramente", revela o sobrinho Reinaldo.

Dona Selma era daquelas pessoas que fazia questão de ver o outro bem. "No Natal sempre comprava uma lembrancinha para os sobrinhos, mesmo quando a situação financeira estava mais apertada", conta Reinaldo. "Me lembro de um Natal em que ela deu a mim e ao meu irmão uma bicicleta de marcha, algo que, na época, era muito caro. Ela economizou e financiou parte do valor... todos na família ficaram muito emocionados".

E essa bondade ultrapassava as barreiras familiares: "Ela foi professora em um presidio e teve vezes em que comprou material escolar para os detentos com o seu próprio salário", continua Reinaldo. "Ela nasceu para ensinar, tinha um verdadeiro dom. Lecionou por quarenta anos, dando aulas para crianças, adultos, pessoas com deficiência intelectual e pessoas privadas de liberdade".

"Em seus últimos dias de vida disse para a assistente social do hospital que queria viver pelos sobrinhos. Nunca vou me esquecer dessa frase!"

Selma nasceu Belo Horizonte (MG) e faleceu São Joaquim de Bicas (MG), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo sobrinho de Selma, Reinaldo Mendes. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Laís Oliveira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 5 de agosto de 2021.