1957 - 2020
No hospital, onde realizou a missão de sua vida, organizava com afeto todos os aniversários dos colegas de profissão.
Epitáfio: Dedicou-se a todos que conviviam com ela. Cuidava, protegia e tinha sempre um mimo para quem precisasse.
Foi bem jovem que Selma viu, no ato de cuidar, uma profissão. Aos 15 anos, fez curso técnico de enfermagem no Colégio Lyceu de Goiânia, onde vivia.
Logo que concluiu o curso, Selma começou a trabalhar no Hospital Santa Mônica. Na época, a unidade de saúde era gerida pelo Dr. Samyr Helou, um homem muito distinto que foi como um pai para ela. Ao lado do Dr. Samyr, Selma trabalhou por 40 anos.
Seu local de trabalho e seus colegas a viram crescer e florescer. Iniciou seu percurso como técnica de enfermagem e, aos poucos, foi desenvolvendo sua carreira, chegando a encerrar suas atividades como chefe de enfermagem. Selma marcou histórias, sempre conciliando desavenças, evitando brigas, e promovendo boas conversas, com momentos divertidos.
De segunda a sábado, Selma se dedicava a sua profissão, que para ela era mais do que um trabalho, representava sua missão de vida. Nessa trajetória, fez questão de construir relacionamentos verdadeiros com quem encontrou pelo caminho. "Ela era uma chefe muito amiga das pessoas que liderava", conta Tancredo, lembrando que não havia aniversário que passasse em branco entre colegas do Hospital. Selma sempre se encarregava de providenciar uma festinha!
Quando ninguém estava fazendo aniversário, Selma encontrava outros motivos para celebrar a vida – e presentear as pessoas. Dar presentes era a sua linguagem natural para expressar amor. Na salinha do trabalho, ela mantinha um frigobar sempre cheio com refrigerantes e chocolates. Quem estivesse precisando de um conselho, ou só um mimo em forma de guloseima, era só chegar lá. Selma sempre tinha o que oferecer.
Com a família não era diferente. Domingo, que era seu dia de folga, era também o dia de estar com os irmãos, com os sobrinhos e com a sua amada mãe, Ana. Todos reunidos em sua casa, onde sempre encontravam alegria, aconchego e acolhimento. Tancredo conta que Selma era a irmã protetora, a tia amorosa e a filha amiga.
Para ela, que sempre gostou de presentear a todos com suas palavras, atitudes, docinhos, a vida foi um verdadeiro presente.
Selma nasceu em Goiânia (GO) e faleceu em Aparecida de Goiânia (GO), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo irmão de Selma, Tancredo Ferreira de Paula. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Michele Bravos, revisado por Walker de Barros Dantas Paniagua e Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 20 de agosto de 2021.