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Sérgio Aparecido dos Santos

1978 - 2021

Manhoso, pedia massagem nos pés e amava cafuné; ele era o "ursão" da família.

Sérgio, mais conhecido como Bola, era chamado de Tibulufas por parentes e familiares, mas para os de casa ele era o Puzinho. Fez muitos amigos em empresas e faculdades e, nesses ambientes, era o respeitado Serjão.

Formado em Eletroeletrônica e Automação, exercia com louvor sua profissão. Muito competente e reconhecido, estava cursando com dedicação e luta a Faculdade de Engenheira Elétrica, e se formaria em agosto de 2021, poucos dias após seu falecimento. Seu diploma foi recebido pela esposa e filhos, concretizando os sonhos dele e de todos os familiares próximos.

Sérgio e Juliana conheceram-se quando ela tinha 12 e ele 15 anos. Ela conta: “Foi um amor à primeira vista da minha parte e eu sabia que iria me casar com ele. Ele era o meu amor — era assim que eu o chamava —, meu amigo e meu parceiro para tudo. Vivemos uma história de amor que durou vinte e oito anos, sendo que de casados, e bem casados, foram dezessete anos e sete meses”.

Tiveram dois filhos: Caio, o filhão e Laura, “nossa princesinha”, como ele dizia. Foi o melhor dos pais. Aquele que brincava, fazia piada, deixava os filhos pintarem a sua barriga — que era bem grandinha; dançava com eles, jogava bola e brincava de casinha; fazia a melhor pizza e adorava assistir a filmes junto com eles. Era caseiro e, muito família, viveu para ela. Era aquele marido calmo, de sorriso sarcástico e inteligência "surreal".

Tinha mania de sempre fazer "guerrinha de limão"; fazia "boquinha de peixe" para a filha pegar o seu remédio e colocar na sua boca. Pedia também: "Filhão, traz água para o papai", mesmo se estivesse a um metro do bebedouro.

Reforça Juliana: “Seu bordão era 'tá tudo sob controle', mesmo com a casa caindo. De tão calmo, era julgado de lerdo e manso... Acho que mimamos muito ele"!

Era um filho carinhoso à sua maneira. Tinha um amor imensurável pelos pais e era apegado ao pai, que faleceu doze dias antes dele, também vítima da Covid-19. Não era de participar de muitas festas familiares, mas todos os dias, de mãos dadas com a mulher, orava por cada um de seus familiares, parentes e amigos.

Por sua forma de ser, poucas pessoas o conheciam de verdade. Achavam-no calado, fechado e não muito sociável. Na realidade, ele se mostrava para poucos, mas para quem se mostrava e se entregava, era totalmente verdadeiro.

Sérgio era diferenciado. Homem honesto, trabalhador, cauteloso, sábio, observador e de coração nobre. Prestava assistência social, participava de campanhas de Natal e, junto com sua família, criou o projeto “Podemos Fazer Mais": um grupo de voluntários que trabalha ao longo de todo o ano para bem do próximo.

Era guloso e amava carne. Também amava os jogos do Galo. Não era de bebida — se tomasse uma cerveja, já ficava tonto! Sempre antes de comer ele perguntava: “Alguém mais vai comer isso?”, só para saber se poderia comer todo o resto...

“O melhor homem, o melhor pai, o melhor marido, parceiro e amigo que eu e meus filhos tivemos a honra de ter. Deixou o legado de amor ao próximo e de fé; de que o estudo é tudo, que a família é a base, que a vida não acaba aqui e que um dia iremos nos reencontrar, pois ele nos escolheria mil vezes para juntos retomarmos o nosso 'quarteto feliz', como ele dizia”, finaliza Juliana.

Sérgio nasceu em Pedro Leopoldo (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 42 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Sérgio, Juliana graciele Pereira dos Santos. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 25 de julho de 2022.