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Sérgio Roberto Monteiro Dias

1974 - 2020

Guitarrista, violonista, contrabaixista e tecladista, Serginho Guitarrista era apaixonado pela música e amava viver.

Sozinho, Sérgio aprendeu a tocar guitarra, violão, contrabaixo e teclado. Passar os dias limpando seus instrumentos e depois tocar solos incríveis, era o que fazia brilhar os olhos do músico autodidata. Da paixão, fez sua profissão.

O talento era inegável e foi sempre elogiado em todas as bandas e lugares que passava. Conhecido como Serginho Guitarrista, fez parte de bandas como as famosas Calypso e Xeiro Verde, ambas de Belém, no Pará, onde o guitarrista nasceu e viveu grande parte de sua vida.

Quando saiu da cidade natal para os Estados Unidos, precisou se arriscar em outros trabalhos, mas nunca deixou de tocar. Participou de bandas na Flórida e em Massachusetts com outros brasileiros, nas quais tocava MPB, músicas gospel e axé. No tempo que morou por lá, chegou a participar de shows de artistas brasileiros como Reinaldinho ─ ex-Terra Samba ─, e Daniela Mercury.

“O melhor guitarrista já visto”, garante a esposa Cristiane, com quem dividiu quinze anos de sua vida. Se através dos instrumentos trazia alegria e demonstrava o apreço pela música, era no dia a dia que demonstrava o amor pela companheira; com carinho, atenção, companheirismo e sem medir esforços para fazê-la feliz.

Era a música que alimentava sua alma. Mas, além de talentoso, Serginho foi muito alegre e contagiava todos com suas brincadeiras. Fazia amizade com todo mundo e melhorava a energia de qualquer ambiente.

Em 2019, Serginho voltou para o Brasil, após seis anos longe, com o objetivo de tratar uma doença renal crônica e tentar um transplante. Nesse tempo, pôde também tentar se reaproximar dos quatro filhos, viver momentos inesquecíveis com os pais e irmãos, e aproveitar o melhor da culinária paraense, da qual gostava muito e sentia bastante falta.

Grupo de risco e precisando ir ao hospital pelo menos três vezes por semana, acabou se contaminando. Na última chamada de vídeo que fez com Cristiane, apesar de já bastante fraco, não deixou de demonstrar o seu amor. A chamou de “meu bebê”, como sempre fazia, e disse que a amava. Serginho partiu jovem e cheio de vida.

Sua música fará falta eternamente, mas está gravada para sempre. Seja em vídeos salvos nas redes sociais, ou na memória dos que dividiram palco e assistiram aos shows.

Sérgio nasceu em Belém (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 45 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Sérgio, Cristiane Rocete Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mariana Campolina Durães, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de novembro de 2020.