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Silverio Clementino da Silva

1947 - 2020

Figura inesquecível para o Clube do Remo, para a Rádio Clube do Pará e para todos que partilharam sua paixão por viver.

O fascínio de Silverio pelo Leão Azul, como também é conhecido o clube esportivo do qual era torcedor apaixonado, imprimiu em sua trajetória a real definição de entrega. Carinhosamente chamado de Camelo Velho, apelido atribuído pelos colegas de rádio, foi um ícone do Clube do Remo, além de torcedor-símbolo e sócio.

Saía na defesa do time do coração com suas declarações entusiásticas nos programas Clube da Manhã e Clube da Tarde, pela Rádio Clube do Pará. Sempre sintonizado e ouvinte incansável, era por lá que também pedia as músicas que tocavam seu coração, em especial as canções do cantor Luiz Fernando.

Mas seu apreço musical não se limitava à escuta, pois Camelo Velho amava dançar os ritmos do merengue, bolero e brega nos tradicionais Bailes da Saudade. Rodava o salão numa disposição de dar inveja, relembrando a juventude e mantendo o espírito cada vez mais ativo.

Marcava presença também na maior festividade religiosa do Brasil e uma das maiores do mundo, o Círio de Nazaré. Zeloso no catolicismo, era devoto de Nossa Senhora de Nazaré e, ao se aproximar a época do Círio, se transformava, comovia e restaurava a força da fé inabalável que tinha.

Amizades ele colecionou aos montes durante as quase oito décadas vividas. Até sua oficina mecânica de automóveis era “Amiga de Todos”, nomeada assim por fazer jus ao jeito expansivo e amistoso do proprietário.

Formou uma grande e amorosa família deixando sete filhos, frutos de três casamentos. A última união foi com Ana, a qual dizia ser o amor de sua vida. Seus sucessores são: Flávio, Fabrício, Silvio, Silvia, Luiz Carlos, Luiz Charles e Marcelo.

Estar em família o completava e trazia ainda mais significado em sua vida. Amava os filhos igualmente, mas possuía um apego pelo caçula, Fabrício, era como um xodó para Silverio. Adorava ligar às tardes para Fabrício e dizer: “Filho, tô com saudades! Vem sábado almoçar comigo.”

No primeiro jogo após o retorno das partidas de futebol do seu clube do coração, o silêncio se fez presente durante um minuto em memória à ilustre e marcante figura de Camelo Velho.

O bordão que não saía de sua boca, o “Tchau pra ti”, passou a representar a despedida que todos os que o amavam e admiravam precisaram dar.

Seus passos de dança, o riso solto, a vitalidade e determinação em colocar o coração naquilo que acreditava, estão carimbados nas recordações de Silverio, o eterno Camelo Velho.

Silverio nasceu em Belém (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Silverio, Fabrício Gomes da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Júllia Cássia, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2020.