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Silvia Fraissat Reis

1933 - 2020

Artista plástica que traduzia sua força e beleza na delicadeza de suas porcelanas.

Silvia apreciava tanto viajar que em suas férias sempre ia para lugares que não conhecia, principalmente pela América Latina, como a Terra do Fogo, na Argentina. “Assim como viajar, gostava também de uma festa, de encontros, de receber as pessoas, de conversar em seus espaços de convivência e de relembrar histórias de sua vida, especialmente de seu pai Abílio Fraissat, também artista e músico”, conta a filha Gláucia.

Nasceu em Buriti Alegre, descendente de franceses. Graduou-se em Artes Plásticas na Universidade Federal de Goiás (UFG) já com mais de 40 anos, pois dedicou uma parte da vida a acompanhar o marido Fenelon Teodoro Reis, que era juiz de Direito, pelo interior de Goiás. Nas cidades em que ela viveu exercia a função de educadora.

Do seu amor e casamento com Fenelon nasceram Gracia Maria, Gláucia Maria e Sandra Regina. Teve três netos: Fenelon, filho da primogênita Gracia, e Mateus e Lucas, filhos de Sandra.

Atuou muitos anos na Educação, tanto em sala de aula como fora dela. Como gostava muito de estudar, fez também Geografia, Artes Plásticas e Desenho na UFG e cursou alguns períodos do curso de Arquitetura. Aos 60 anos aposentou-se e foi desfrutar das coisas que mais lhe traziam prazer: pintar e viajar.

Gláucia relembra carinhosamente que a mãe gostava muito de viver e que foi uma pessoa à frente de seu tempo. “Tinha muitos amigos, pessoas mais jovens ou de sua geração, mas os jovens gostavam muito de estar a seu lado. Dedicou-se muito à pintura em porcelana. Fazia peças belíssimas e participava de exposições”, conta ela. “Minha querida mãe era uma grande artista plástica. Transmitia em suas peças toda a delicadeza que lhe era peculiar.”

Saudosa, a filha recorda: “Dedicava um grande carinho para a família. Meu pai foi seu grande amor. Como gostávamos das mesmas coisas, nós duas éramos muito companheiras.” E acrescenta: “Não foi uma mãe tradicional, às vezes era até incompreendida, mas por baixo de uma aparente fragilidade mostrava a força de uma mulher de opinião, conectada com os acontecimentos do mundo. Sempre a considerei uma mulher inovadora. Convivia tranquilamente com a diversidade, aceitando a todos com suas peculiaridades, sem preconceito ou discriminação”.

“Sua generosidade, grandeza de caráter e solidariedade em todos os momentos da vida pessoal representaram características indeléveis junto aos familiares, pais, irmãos, genros (Dé, Galego e Júlio) sobrinhos, primos e tantos outros amigos, da turma da porcelana e dos lugares que viveu, deixando amizades, ternura e afetos”, completa a filha.

A sobrinha Rejane corrobora: "Criativa, era sempre solidária e atenta às necessidades da família. Queria muito viver."

Silvia deixou um legado de amor, admiração, generosidade e muita determinação. A dedicação aos familiares, as pinturas e sua força foram as maiores lições que transmitiu.

Silvia nasceu em Buriti Alegre (GO) e faleceu em Goiânia (GO), aos 86 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha e pela sobrinha de Silvia, Gláucia Maria Teodoro Reis e Rejane Alves Fraissat. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Thalita Ferreira Campos, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 21 de agosto de 2021.