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Silvio Dias Novaes

1959 - 2020

Com sua linda voz, entoava louvores para a honra e glória do Senhor, e nunca deixava de oferecer uma palavra sábia.

Na juventude, ficou conhecido como Sargento Novaes, devido ao seu trabalho como agente de segurança pública. Começou sua carreira como bombeiro, mas por não saber nadar, pediu transferência para a Polícia Militar, onde integrou o grupo Serpente, atualmente denominado como Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar ─ ROTA. Dentro da corporação, encontrou-se como profissional e tinha muito orgulho de vestir a farda e honrar o seu distintivo. Toda essa dedicação rapidamente lhe rendeu frutos: com apenas 20 anos, foi o policial mais jovem a se tornar Sargento no estado de São Paulo.

Casou-se com Alzira, em uma união repleta de amor e companheirismo, por quase quarenta anos, até a partida dela. Dessa relação, vieram cinco filhos, aos quais se dedicaram com todo afeto e afinco do mundo. Foi também o orgulhoso avô de Pedro e Thiago, seus dois grandes amores. Com eles, amava se divertir em parques de diversão. A união entre a família era tamanha que Sílvio fazia questão da companhia dos filhos, mesmo depois de adultos, para ir ao mercado. Apaixonado pela culinária nordestina, dizia sempre que a alma dele era proveniente da cidade pernambucana de Floresta, mesmo tendo nascido em São Vicente, São Paulo.

Membro de uma família numerosa de onze irmãos, teve uma relação de muita proximidade com dois deles: Regina e Orlando. Durante os quatro meses em que Sílvio ficou doente, Regina, que morava próxima ao irmão, sempre o visitava. O carinho e a cumplicidade entre os dois eram percebidas apenas com um olhar. Já o irmão Orlando, radialista, fazia chamadas de vídeo todos os dias para saber como Sílvio estava. Os dois, inclusive, se tornariam sócios com a montagem de uma rádio.

Com esse sentimento de irmandade tão forte, fez questão de deixar uma recordação para eles. "Quando meu pai ficou doente, me incumbiu do cuidado com os seus cachorros e, antes de sua partida, pediu para que eu escrevesse o que deixaria para cada um. Então, minha tia ficou com sua espada e o meu tio com os equipamentos do estúdio", conta a filha Maria Carolina.

Graças ao seu Português impecável e sua paixão pela Matemática, realizava com facilidade e empenho qualquer atividade que se propunha a fazer. Seu último trabalho foi como despachante municipal, atividade que desempenhava conjuntamente aos estudos relacionados à cultura judaica e à Bíblia.

Para muitos, ele também era o Pastor Said, que sempre tinha uma palavra de consolo e de sabedoria em suas pregações, e até mesmo em conversas informais. Na Igreja, tocava o Shofar — instrumento de sopro de origem hebraica —, além de entoar louvores ao Senhor, com a sua belíssima voz. Fez de sua vida, um testemunho do Deus Vivo. Agora, louva o Altíssimo nos Céus.

"Pai,
Pode crer eu tô bem, eu vou indo
Tô tentando vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer" (Fábio Jr.)

A esposa e o filho caçula de Silvio também foram vítimas da Covid-19; você pode conhecer um pouco da história deles acessando as homenagens para Alzira da Silva Novaes e Luiz Fagner da Silva Novaes.

Silvio nasceu em São Vicente (SP) e faleceu em Praia Grande (SP), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Silvio, Maria Carolina da Silva Novaes. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Andressa Vieira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 14 de fevereiro de 2022.