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Sonia Regiane de Jesus Silva

1966 - 2021

Mãe do coração, ela acolheu, protegeu e amou incondicionalmente.

Sonia Regiane colocava a família em primeiro lugar — era uma mulher forte e determinada. Sua maior paixão eram as crianças, que reconheciam de longe o amor que sentia por elas. No colo dela uma certeza vinha à tona: ela era acalento instantâneo para os pequeninos.

Ainda adolescente, descobriu o amor. Apaixonou-se por Pedro, seu primeiro namorado, e com ele se casou aos 15 anos. Sonia lutou por esse amor e pelo casamento quando os dias difíceis chegaram. Os dois cresceram e amadureceram juntos, vivendo quarenta anos de casados.

Aos 19 anos, Sonia descobriu que não poderia engravidar. Logo decidiu que adotaria uma criança, e que daria a ela todo amor e cuidado que poderia oferecer. "Ela buscou no interior de São Paulo uma mulher grávida que quisesse dar a criança para adoção. Não sabia o sexo nem se era doente ou sadia, mas deixou claro que nada importava, ela queria amar e cuidar como Deus mandasse. Combinou com a gestante que buscaria a criança logo depois de nascida. Enquanto aguardava, Sonia fez todo o enxoval, como se ela mesma estivesse gestando o bebê. Quando soube do nascimento, pegou o primeiro ônibus, com a mala da maternidade e foi encontrar o seu amor", relata Ana Paula, a filha adotiva.

A criança nasceu no dia 08 de janeiro de 1986 e, para a surpresa de Sonia, era uma menina. Batizou-a de Ana Paula, o mesmo nome de uma amiga. Sonia contou à filha que ela era sua mãe do coração quando ela tinha três anos. Enquanto a filha crescia, Sonia fez-se presente, amiga, confidente e companheira. "Eu sou filha orgulhosa da Sonia, fui muito amada, acolhida e sou grata. Meu orgulho da minha mãe vai além de tudo que se pode imaginar, inclusive porque a adoção vem verdadeiramente do coração, amor mais puro e sincero que existe", afirma amorosamente Ana Paula.

A filha do coração cresceu e casou-se, e logo presenteou a mãe com a chegada do primeiro neto, Nicollas. A avó cuidava do neto para que Ana Paula pudesse trabalhar; e Nicollas dividiu a cama com ela até completar 11 anos. "Ela tinha tanta vontade de viver, até falava em ter mais filhos, queria mais netos; mas os planos de Deus eram outros", relembra Ana Paula.

Sonia fazia questão de visitar sua mãe no interior de São Paulo nas datas comemorativas. Sempre mantinha contato com seus irmãos, nunca deixava que o laço entre eles se desfizesse. Era muito religiosa: aos finais de semana não deixava de ir à igreja buscar a Deus. Foi uma mulher muito temente à doutrina e aos conselhos, sempre disposta a ajudar o próximo.

A filha amada despede-se da mãe dizendo: "Sinto saudade do que ainda não vivemos e que não poderemos viver. Ela era para mim mais do que minha mãe — era minha amiga, companheira e confidente. Mãe, sem a sua presença eu me sinto sozinha, estou sozinha..."

"Minhas missão é não deixar a memória dela morrer, sempre será lembrada pelo seu imenso amor."

Sonia nasceu em São Pedro do Turvo (SP) e faleceu em Santana de Parnaíba (SP), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Sonia, Ana Paula da Silva Lacerda. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Claiane Lamperth, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 15 de junho de 2022.