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Suzana Ravenna

1928 - 2020

Seu olhar brilhava com a beleza da vida, assim a todos encantou. Generosidade e sabedoria sempre espraiou.

Viveu encantada pelas artes, transformou-se em uma obra prima por meio de seus poemas, bordados e pinturas.

Nasceu em Olímpia, São Paulo. Da infância, se recordava de sua mãe com clareza, contava com orgulho que a professora foi falar com ela para que não deixasse de estudar; também se lembrava do pai, um autodidata que participava de cantorias com os colonos e lia para sua mãe na fazenda que administrava.

Trabalhou em casa de família e ajudou a cuidar de crianças e também ajudava na roça, com irmãs e irmãos. Quando ele morreu, percorreu com as irmãs, os irmãos e a mãe o caminho até a capital. Chegando lá, frequentou o Instituto de Educação Caetano de Campos, na Praça da República, onde teve aula com Aziz Ab’Saber, que veio a ser referência no estudo de impacto das ações humanas no meio-ambiente. Fez grandes, lindas e fiéis amizades.

A palavra cuidar morava em sua alma, era uma de suas melhores qualidades, assim como encantar as pessoas ao demonstrar um “encantamento” real e sincero pela vida. E ela é tão preciosa, não é mesmo? Suzana Ravenna sabia disso!

De seu casamento vieram os cinco filhos. Desquitou-se, divorciou-se, teve netos e bisnetos. E os amou com enorme ternura. É preciso dizer que ganhou filhos e netos “de coração", e que os amava igualmente. E a recíproca era totalmente verdadeira. Ela era amada. E como era! O carinho e a admiração que tinham por ela eram imensuráveis! Acabou se tornando a “Bisa” de todos.

Era uma apaixonada por produções literárias, artísticas e musicais. E nunca perdia o encanto pela natureza. As plantas, as flores e os animais enchiam seus olhos de brilho e luz.

Aproveitou o tempo com sabedoria ao se aposentar. Frequentou aulas de pintura, escreveu contos, poesias e pensamentos. Ah! Não podemos esquecer dos bordados e dos “amarrios” (macramé) que também fazia com maestria. Tanto que acabou deixando vídeos orientando as próximas gerações.

E não é que também aprendeu a lidar com o celular? Distribuía atenção, força e encantamento em suas mensagens, sempre iluminadas e aguardadas ansiosamente.

Ao longo dos anos, conviveu com dores crescentes, mas nunca deixou de ser forte e carinhosa. Tinha o seu lado “formiguinha” ou “Magali”, estava sempre disposta a um lanchinho, com bolo, pudim ou outra guloseima. Talvez fosse uma “deliciosa” desculpa para unir as pessoas que ama ao seu redor.
É certo que Deus, encantado com a vida e com o amor da “Bisa”, a convocou no Paraíso para ajudá-lo a olhar por todos nós!

Suzana nasceu em Olímpia (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Suzana, Suzir Palhares, em nome dos irmãos, irmãs, neto e netas. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Ricardo Valverde, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 15 de junho de 2021.