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Tereza Maria da Silveira Gomes

1956 - 2021

Uma mulher livre de preconceitos que amava sem limites, sem rotular ou aceitar rótulos.

Ela era dona de um sorriso e de um olhar bastante expressivos. Era linda, simples e possuía um coração enorme. Tinha um jeito que inicialmente parecia forte, mas que na verdade era frágil, de uma “fragilidade” que em nada tirava dela a coragem e a determinação.

Era justa, boa companhia e alguém que a família e os amigos — seus e dos filhos — queriam ter sempre perto. Era divertida e engraçada, embora fosse muito preocupada com tudo ao seu redor. Carinhosa, mas sempre com um bom palavrão na ponta da língua para os dias em que a perturbavam.

Foi casada com Porfírio Gomes e permaneceram amigos mesmo depois que se separaram. Foi mãe de Adriana e Porfirio Neto e avó de Maria Fernanda e Maria Carolina. Movia céus e montanhas pelos filhos e pelas netas.

Teresa aposentou-se como fiscal de tributos estaduais e todo seu tempo livre era dedicado à família e às amigas de uma vida inteira. Ela conservava amigas de infância com quem dividia todas as lembranças que guardavam dessa etapa de vida. Monique, Gisele, Luísa, Eneida e Claudia; depois vieram Vânia, Flavia e muitas outras que ela amava muito. Sempre se reuniam para almoçar e conversar.

Adriana conta sobre a relação de Tereza com a família: “Como avó era doce e apaixonada. Depois que se tornou avó, o mundo dela era o das netas. A rotina, a casa, as atividades... tudo era pensado para elas e por elas. Buscava na escola, passava o fim de semana com elas, levava ao "shopping", levava para almoçar... Estava presente em tudo, em toda e qualquer atividade que elas tivessem. Ela marcou para sempre a vida das minhas filhas, que hoje aprendem a viver com a ausência do colo mais acolhedor e do maior abraço que elas puderam conhecer na vida. Sem dúvida foi um dos grandes amores da vida das minhas filhas".

“Mamãe era a mãe leoa. A protetora. Fez da nossa infância um grande livro de histórias felizes, viagens lindas, momentos inesquecíveis. Colocou-nos sempre a frente de tudo e de todos e viveu a sua vida inteira por nós. Ela morava com meu irmão, mas bem perto da minha casa. A relação deles era de muita confiança e amor, como almas gêmeas. Eles se completavam em pensamentos, histórias e sorrisos. Tinham gostos parecidos. Conversas sinceras. O amor na sua forma mais verdadeira.”

“Minha mãe tinha um irmão por quem era apaixonada e uma das relações mais lindas que teve na vida foi com minha irmã, a Beatriz, que era apenas filha do papai. A Bia nasceu quando eu tinha 25 anos e o meu irmão 21. Então ela era a criança das nossas casas e das nossas vidas. E encantou a minha mãe... a ponto de elas terem criado uma relação linda, de amor, carinho e muita confiança. Mamãe era capaz de tudo pela Beatriz... a terceira filha, que não nasceu dela, mas despertou nela o amor de mãe”.

Tereza era muito amiga e parceira. Em família era muito brincalhona e gostava de estar cercada pelo irmão que amava muito, a cunhada, a sobrinha e as primas. Sempre tinham “contos” interessantes de onde ela, perspicaz, fazia uma graça.

Ela amava livros e era apaixonada por Big Brother da mesma forma que era apaixonada pela leitura. Amava ler! Sempre tinha um livro por perto. Uma história que ela amou muito foram os livros da Operação Cavalo de Troia e um autor que ela gostava muito era Ken Follet.

Teresa adorava morar em Manaus de frente para o rio que ela tanto amava. Embora não soubesse cozinhar, era especialista em colocar na frigideira carne, arroz, ovo e queijo para criar o “mexidão” mais delicioso do mundo, que ninguém sabe fazer igual e que todos se lembram do gosto e do cheiro.

A filha Adriana, ao concluir sua homenagem, fala de Teresa com grande admiração: “Mamãe reunia força e docilidade de uma forma incrível. Era brava, mas também tinha as atitudes mais doces e inesperadas. Era forte para alguns assuntos, mas se derretia diante de outros. Extremamente honesta e firme nas suas convicções. Livre de todo e qualquer preconceito. Sorriso aberto. Colo aconchegante. Ensinou-nos tudo sobre dedicação, carinho, amizades leais... sobre doação de sentimentos e de tempo, e sobre sermos portos de confiança, segurança e amor para quem nos cerca”.

Tereza deixou uma legião de pessoas apaixonadas por sua personalidade e seu jeito de viver. “Era amor sem medidas. Era mão estendida. Era colo e abrigo. Teto e chão. Fortaleza e doçura. Expressão maior de amor que eu conheci”, diz Adriana.

Tereza nasceu em Manaus (AM) e faleceu em São Paulo (SP), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Tereza, Adriana Gomes Lemos Dantas de Goes. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 17 de novembro de 2022.