Sobre o Inumeráveis

Terezinha da Silva Jansen

1942 - 2020

Mulher forte, autêntica, não media palavras, nem afetos. Amá-la era um desafio quase sempre prazeroso.

A mulher guerreira a quem os vizinhos chamavam Tetê, marcou a vida do sobrinho-neto Ricardo, que se considerava seu filho de criação. Ela era muito firme em suas colocações, às vezes o deixando ressentido. Mas isso era por pouco tempo, pois na maioria da sua história juntos, ela o inspirou imensamente.

Não teve uma vida fácil, tendo enfrentado perdas dolorosas ao longo da trajetória. Cuidava sozinha de um dos filhos que, desde um AVC, vive acamado, com pouquíssima autonomia. Mas essas tristes experiências não tiraram dela a alegria e a graça. Mulher que amava o samba e o carnaval.

Não perdia os desfiles na televisão e era Beija-Flor doente! Ainda comemorava o campeonato de 2018.

Vascaína, a Cruz de Malta dividia espaço com a Agremiação de Nilópolis (RJ) no seu peito, onde havia espaço também para o vermelho gritante do Boi Garantido. Animada ela era!

Se a vida não foi sempre fácil, reservou-lhe alergias imensas. O sonho realizado de conhecer Copacabana, foi uma delas. Não cansava de pensar nessa viagem...

Sua vida, cheia de generosidade, resistência e determinação é fonte que ilumina a ambição de Ricardo, que planeja ter uma fundação com o nome da tia-avó para seguir com sua vontade de ajudar aos necessitados.

Parece que soprou essa ideia no ouvido dele quando veio se despedir num sonho, na madrugada do dia em que partiu. Ele se lembrou de uma frase costumeira: "Maninho, você já comeu? Se não, vou te dar um prato de comida."

Ela ajudava muita gente...

Terezinha nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo sobrinho-neto de Terezinha, Ricardo César dos Santos Miranda. Este tributo foi apurado por Hélida Matta , editado por Hélida Matta , revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 23 de julho de 2020.