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Valdir Pereira

1940 - 2020

Talhou a madeira assim como deu forma à sua vida: com seriedade, perseverança e paixão.

Quem conta um pouco da história desse homem, conhecido carinhosamente por Pereira, é uma amiga que teve a felicidade de conviver com ele na vizinhança desde a infância. “Ele era uma pessoa de um coração enorme e sempre acolhedor”, diz Carla.

Foi um excelente marceneiro, no estilo de antigamente, adotando processos bem artesanais, artísticos, para a fabricação de móveis planejados. Nunca se aposentou, sempre foi uma pessoa ativa e por anos a fio tocou a empresa familiar, agora nas mãos de alguns de seus filhos, a quem legou o ofício que era sua paixão.

Sentia orgulho de ter sido músico na juventude, na época em que participou da Orquestra de Blumenau. Alegrava-se com as memórias daqueles tempos. Nas horas vagas, dedicava-se à família e torcia para o Vasco. Do sólido casamento de mais de cinquenta anos, teve sete filhos, 11 netos e três bisnetos. Nutria um imenso amor por todos eles.

Um homem digno, batalhador, honesto e afetuoso com os amigos e familiares. Era de poucas palavras, mas de muita ação. Não reclamava da vida, perseverava. Se havia um problema, botava a mão na massa e encontrava um caminho para a solução. Sempre disposto a ajudar, não gostava de ver ninguém passando necessidades; acolhia, conversava.

Carla fala do leal amigo com grande respeito: “Foi uma pessoa maravilhosa, que me ajudou muito quando precisei. Era como um pai, fez muito por mim”.

Valdir nasceu em Gaspar (SC) e faleceu em Blumenau (SC), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga de Valdir, Carla Tancon. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bettina Turner, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 23 de fevereiro de 2021.