1957 - 2020
Val era reconhecido pela amplitude dos seus gestos.
Valdir foi industriário e ajudante de caminhão e de barcos de navegação. Na vida privada, preparava o café diariamente, sempre ouvindo rádio, e esperava todos despertarem pra fazer junto o desjejum.
A dedicação à família incluía ainda o final de semana. Val e a ex-esposa, Maria do Socorro, costumavam promover passeios de barco e excursões com os seis filhos e os onze netos, com direito a partidas de dominó e registros fotográficos. E, se o programa do domingo fosse em casa, o peixe assado na churrasqueira era por sua conta.
Já os netos ganhavam hora extra na companhia do avô. Arthur conta que havia a promessa de um dia de pesca após a pandemia passar. “Mas, lá no céu pode ter rio, e ele vai pescar lá”, imagina o Neto.
Quando a garotada atingia a maioridade, as aulas de direção e o auxílio para emissão de documentos ficavam a seu cargo. “Marcou a vida dos netos”, diz a filha mais velha, Zenilda. Ela recorda o momento de alegria nos olhos do pai, já doente, ao ver o vídeo do único bisneto, o bebê Antonio Fabricio.
Val era mesmo um craque na convivência em equipe, tanto que até criou um time de futebol. Apaixonado pelo esporte, o vascaíno se dedicava a torcer pelo clube carioca em frente à TV e a entrar em campo para vencer no Campeonato de Peladas, conhecido por Peladão, em Manaus.
Para Zenilda, fica o sentimento de gratidão por tudo que viveram com ele.
Valdir nasceu em Tefé (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Valdir, Zenilda Benjamin da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mariana Quartucci, revisado por Luiza Carvalho e moderado por Rayane Urani em 23 de agosto de 2020.