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Vanessa Rodrigues Vieira

1979 - 2021

Escrevia poesias para todos aos quais queria expressar amor, imprimindo nas palavras a doçura que tinha no coração.

Vanessa era pura poesia. Com palavras, presentes, sorrisos ou abraços, ela encantava e acalmava corações. Gostava de presentear as pessoas, mas seu maior presente, de fato, eram a atenção e o afeto que transbordava de suas mensagens, de suas visitas surpresa ou dos encontros com aqueles que cruzavam seu caminho. Agatha lembra que Vanessa sorria com os olhos, “ria de tudo e para tudo. E sempre via o lado belo de cada um”.

Seu sonho era ser psicóloga, mas já era uma cuidadora e “curava almas com abraços”, afirma a irmã.

As duas se conheceram quando Vanessa, aos 21 anos, foi professora dominical de Agatha, aos nove anos. Após Agatha corrigi-la em uma aula e Vanessa “levar super de boa”, as duas se tornaram amigas e se aproximaram cada vez mais, mesmo com a diferença de idade. “Quando completei 18 anos, passamos a sair juntas. Ela era muuuuuito caseira, mas quando eu a chamava, topava tudo. Íamos a barzinhos, restaurantes, cinemas, viagens e até para fazer rapel na Sumaré eu a levei. Qualquer dia era dia para sairmos e nos divertirmos”, lembra Agatha.

“Éramos uma só, conversávamos o dia todo, ríamos muito, dormíamos na casa uma da outra e até o dinheiro de uma era da outra. Era muita sinergia!", orgulha-se a irmã.

E essa sintonia entre as duas se estendeu para as famílias. “Acabei ficando amiga de todos, pai, mãe, irmãos. Ela me dizia: ‘gata, você é filha da minha casa' ”. Agatha continua sendo filha dessa casa e pretende retribuir todo cuidado que recebeu de Vanessa e sua família a todos eles e, em especial, aos sobrinhos que eram a sua maior alegria.

Vanessa também amava os animais. Era apaixonada pelo Snoopy, tendo uma coleção de objetos do “seu” beagle. Tinha dois bichinhos de estimação: Dulce, a papagaia e Briti, a coelhinha. E ainda sobrava espaço para mimar Jubileu, o cachorro de Agatha.

Uma mania de Vanessa era apagar as conversas do WhatsApp assim que enviava as mensagens e evitar a participação em grupos para não aparecer na tela inicial as mensagens pendentes. “Era extremamente organizada”, lembra Agatha.

Mas as lembranças que Vanessa poetizou no coração de Agatha e de todos que foram presenteados por seu cuidado afetivo não serão apagadas.

Vanessa nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 41 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de alma de Vanessa, Agatha França de Oliveira. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Denise Stefanoni, revisado por Emerson Luiz Xavier e moderado por Rayane Urani em 24 de junho de 2021.