1943 - 2020
Mesmo enxergando muito pouco, conseguia ver a luz e fez da música a sua estrela guia.
Catarina Barbosa, uma mulher valente!
Ainda muito novinha, Catarina soube que sua trajetória nesse mundo não seria nada fácil. Cedo descobriu que com seu alto grau de miopia, pouco conseguia enxergar, apenas a luz lhe era visível.
Por conta dessa privação de um dos sentidos, o ouvir se fez vocação; a menina Catarina se apaixonou pela música!
Começou seus primeiros estudos sozinha, ao decifrar partituras e dedilhar o piano.
No cenário da década de 60 o instrumento destinado à mulher era usualmente o fogão. Catarina contava que ouvia tal declaração - com alguma frequência -, do próprio pai!
A jovem obstinada não deixou se abater pelos preconceitos da época, nem mesmo pela deficiência visual que possuía. Assim, começou a trabalhar ensinando o que aprendeu; dessa maneira pôde custear seus estudos no Conservatório de Campinas.
Por meio das viagens de bonde de Santa Bárbara d'Oeste até o destino, Catarina Barbosa conquistou o seu diploma, atuando posteriormente como professora de piano e acordeom.
Aos 26 anos usou pela primeira vez uma lente. A menina Catarina - que via apenas a luz -, pôde ver as folhas em frenesi, dançando ao ritmo da brisa que soprava na copa das árvores.
Amava flores, sua casa era quase uma floricultura; sua sala poderia ser o próprio jardim encantado, embalado por uma boa trilha dos clássicos.
Sua única filha, Ana Paula, fruto de um amor regado a união e cumplicidade, declara que sua amada mãe venceu a vida!
Em honra a uma mãe, esposa, avó e musicista maravilhosa este tributo foi escrito e dedicado.
Vera nasceu em Santa Bárbara d'Oeste (SP) e faleceu em Americana (SP), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Vera, Ana Paula Barbosa Rocha. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Raissa Reis, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 13 de março de 2021.