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Vera Lucia Ferreira Martins

1956 - 2020

Para alimentar sua alegria, adorava assistir às novelas e ir aos circos.

Verinha ou dona Verinha era uma pessoa alegre, amorosa, sincera e cativante. “Seu sorriso e sua simpatia conquistavam quem a conhecia. E no coração enorme, acolhia a todos”, conta a filha Tatiane.

Como mãe, sentia orgulho de ter conseguido graduar suas filhas. “Lutava para que nós nunca tivéssemos que depender de outra pessoa, para que tivéssemos independência financeira. E assim o fez. Era uma lutadora e feminista, mesmo sem ter essa consciência!”, afirma a filha.

Vera Lucia batalhou muito, em vários trabalhos informais. Primeiro, como "sacoleira", comprando e revendendo roupas; depois, como salgadeira — “fazia salgadinhos deliciosos”, conta a filha. E, por fim, teve um bar na frente da casa. “Foi o trabalho que ela mais gostou, pois era muito comunicativa e todos os clientes adoravam minha mãe!”, lembra Tatiane.

E, falando em comidas, Verinha adorava churrasco, torresmo e um bom café. Conta a filha que “ela era fumante. Tínhamos o hábito de tomar café e fumar um cigarro antes e depois de eu ir ao trabalho. Quando chegava em casa, nós morávamos no mesmo lote, ela já estava me esperando com um cafezinho”.

Após um divórcio e uma situação de risco de morte, causada por um aneurisma, Vera Lucia teve a oportunidade de encontrar um companheiro e viver um grande amor. Segundo a filha Tatiane, a mãe sempre dizia: “tive doze anos maravilhosos no Jardim das Oliveiras, ao lado de um grande companheiro!" Tudo começou quando a filha Tatiane levou a mãe a um barzinho, no período de recuperação do aneurisma. “Ela estava deprimida, mas seu humor mudou na hora, quando fui ao banheiro e um senhor me parou e me deu um número de telefone, dizendo que a mulher com quem eu estava, era linda. Depois disso, foram doze anos juntos”.

Tatiane afirma que “não deu tempo de ir à Aparecida do Norte” com a mãe, assim como não deu tempo de engravidar para dar um neto ou uma neta a ela.

Apesar de vivenciar a dolorosa partida da mãe, o conforto de Tatiane é demonstrado nessa homenagem: “É com muito prazer que fiz parte de tudo isso... de cada mês de maio, de cada aniversário e dia das mães, de cada uma de suas pequenas conquistas... No fim da vida, estive ao seu lado, assim como sempre estivemos... juntas!”

Vera nasceu em Curvelo (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Vera, Tatiane Ferreira. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Denise Stefanoni, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 6 de março de 2021.