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Vicente de Paula Rosa

1944 - 2020

Barie era a alegria das crianças.

Esta é uma homenagem do sobrinho José para Vicente:

Ele foi o tio que ganhei quando casei. Foi o avô babão dos meus filhos e do meu sobrinho.

Seu nome era Barie, ou melhor dizendo: era assim que todos o conheciam em Realengo.

Estava sempre preocupado em nos trazer o café fresquinho de manhã, e ficava chateado se não alguém não tomasse. Também fazia questão de levar a minha filha à escola, e ai daquele que falasse que iríamos em seu lugar!

Além de ser considerado a alegria das crianças, era também a do dono da barraca de doces e dos pipoqueiros, pois mesmo quando o colocávamos de castigo, ele respondia: "Ô? é meu!"

Foi o churrasqueiro, o serralheiro e o homem que me ensinou um bocado de coisa com seu jeitão humilde. A primeira vez que fui ao Maracanã assistir a um jogo do Flamengo, foi com ele ─ era seu aniversário e fomos comemorar. Também assistimos juntos, no bar, quando o Mengão foi campeão da Taça Libertadores da América e, nesse dia, achei que ele fosse passar mal, pois ficou muito vermelho.

Barie se foi por conta da pandemia. Nunca pensei que fosse sentir tanto a sua falta. Conduzir seu sepultamento foi mais difícil do que eu esperava. Esta minha homenagem a ele é o que me resta para relembrar os momentos que passamos juntos.

Te amo, meu Velho!

Vicente nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo sobrinho de Vicente, José Oliveira. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 17 de dezembro de 2020.