1993 - 2021
O encantamento pela experiência de ser pai, trouxe a esse moço de alma simples a beleza da responsabilidade afetiva.
Rosimar relembra com orgulho do filho que espalhou amor por onde passou e conta: "Desde pequeno ele foi uma criança alegre, amorosa e arteira. Sempre ativo e com energia de sobra, dizia que seria jogador de futebol quando crescesse e que me ajudaria financeiramente quando fosse famoso".
Sempre feliz e animado, sua adolescência foi rodeada de amigos nos barzinhos ou nos churrascos ao som de muito pagode até a madrugada, como ele gostava. Na vida adulta — já como caminhoneiro —, sentia-se cansado, mas livre: amava a liberdade que as estradas lhe proporcionavam.
Aos 24 anos, para surpresa dele e de toda a família, tornou-se pai — duplamente pai! Sua calma e sua paciência surpreenderam. "Da noite pro dia, virou um pai exemplar. O melhor!", conta sua mãe e complementa: "Ele deu todo o amor do mundo pros dois filhos. Deixou em cada um deles um pouco de si. Os dois eram a única preocupação da vida dele. Vinicius sempre foi muito ligado à família: era parceiro do pai nos campeonatos de futebol desde pequeno e foi meu companheiro nos passeios ao shopping e nas visitas aos familiares. Um filho que se fazia presente em tudo, em todos os problemas e nas coisas boas também".
Combinava seu jeito impulsivo de ser com um enorme coração. Era um irmão companheiro e fazia-se presente mesmo de longe, sendo muito carinhoso. Fazia questão de estar sempre presente na vida de todos os primos, tios e amigos. Amigos que não eram poucos, que eram considerados por ele como uma segunda família e aos quais estava sempre disposto a ajudar com alguma coisa. Como ele dizia, os amigos eram "a família escolhida por ele" e, assim, não media esforços para uma reunião semanal para o sagrado futebol e as resenhas.
"Vinicius era uma pessoa iluminada. Sua única vaidade era cortar sempre os cabelinhos e aparar aquela barba linda, e ia pra todos os lugares sempre de chinelos de dedo", relembra a mãe. Ele era assim: simples em tudo e, embora soubesse o que era bom, nunca ligou para roupas de marca. O que importava era estar na companhia dos que amava e comendo bem. "Eu sempre brincava com ele dizendo que tinha o coração enorme, maior que a barriga. Ele era o gordinho mais lindo do mundo", confidencia Rosimar.
"Vá em paz, meu filho. Obrigada! Você me presenteou com as duas pessoas mais importantes da minha vida", finaliza a mãe.
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Anne, a mãe dos dois filhos de Vinicius, conta que ele foi um menino de sorriso fácil e de alma encantadora. Relembra como ele, apesar de ter um jeito reservado, fazia novas amizades por onde passava. "Ele tinha um coração enorme e estava sempre disposto a ajudar."
Querido e mimado por todos da família, era um filho exemplar, muito carinhoso e respeitador. Como pai, era divertido e amoroso. Sua vida transformou-se após o nascimento dos filhos, Francisco e Flora.
O constante sorriso no rosto acompanhava-o em todos os lugares, inclusive nas estradas por onde dirigia escutando muita moda de viola. Era louco por futebol e apaixonado pelo Corinthians.
"Simples e encantador, o coração de Vinicius era ainda maior que ele", resume amorosamente Anne.
Vinicius nasceu em Piracicaba (SP) e faleceu em Piracicaba (SP), aos 28 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela mãe e pela companheira de Vinicius, Rosimar Ramos Fonseca e Anne Teixeira Fonseca. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Débora Spanamberg Wink e moderado por Ana Macarini em 16 de fevereiro de 2022.