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Vinoca Sá Tavares

1926 - 2020

Dona Vivi era uma mulher feita de amor.

Uma mulher extraordinária, de força e resiliência inimagináveis.

Pobre, negra, casou-se com um homem branco e enfrentou, todo dia, preconceitos e dificuldades financeiras. Mãe de doze filhos, perdeu cinco durante a vida, além de perder o marido. Nada disso a impediu de ser a matriarca de uma grande família, com netos, bisnetos e tataranetos. Sua força sempre foi maior e Vinoca nunca se permitiu abalar. Resiliência era sua marca.

E como adorava fazer uma piada, inclusive de si mesma! Jogar baralho apostando 25 centavos era seu mais adorado passatempo, apesar de ela sempre dormir no meio das jogadas.

Admirada por todos que passavam na frente de sua casa e recebiam seu cumprimento, era o centro das atenções no bairro da Pedreira, em Belém do Pará.

Sua casa sempre recebia todas as comemorações de sua unida família: Natal, Ano Novo, aniversários, festas de formatura, batizados, de tudo! Amava uma festa. Gostava também de passear em Mosqueiro, onde se encontrava com a outra parte da família.

Fazia um "milagroso" que servia para tudo.

Não tinha o que abalasse o humor de dona Vivi. Estava sempre alegre, satisfeita com tudo o que tinha em sua vida. Será eternamente lembrada por amar e ser amada por todos. Dona Vivi, uma mulher feita de amor.

Vinoca nasceu Belém (PA) e faleceu Belém (PA), aos 93 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Mariana Coelho, a partir do testemunho enviado por neta Luciana Tavares da Silva, em 21 de maio de 2020.