1952 - 2020
Cultivar plantas era o seu sentido de vida; estar com os filhos e o neto era sua maior alegria.
Nasceu em Planalto, cidade do interior de São Paulo, filho de Dona Maria e do Seu Dorindo. Um menino inteligente. A expectativa era que se tornasse médico, mas escondido dos pais abandou a Medicina para ser agrônomo.
E que agrônomo! Dedicou sua vida aos pequenos agricultores. Tinha sempre na mão uma recomendação para cada plantação. Seu trabalho nunca foi esforço e sim paixão. Sentia prazer em plantar. Ensinava o amor pela natureza. Conquistou o título de agrônomo do ano tantas vezes que a família até perdeu a conta. Suas conquistas davam muito orgulho. Foi exemplo e inspiração. Não é por acaso que seus dois filhos, Clézio e Lauren Maine, seguiram seus passos na profissão.
Mas o legado de Waldomiro não foi só na área profissional. Quando jovem, durante as férias da faculdade, fazia a alegria dos sobrinhos soltando pipas com eles. Tirava fotos de todos. Inspirava os pequenos e os ensinava boas maneiras à mesa, a forma correta de usar os talheres durante as refeições, entre outras coisas. Era organizado, metódico. Seu jeitinho implicante não podia faltar, queria tudo no lugar.
Depois que se casou, dedicou-se intensamente, junto com a esposa Cleufer, à criação dos filhos. Havia muita união entre eles e, mesmo depois de separados, o casal manteve profunda amizade.
Waldomiro sempre dizia que seu grande investimento, sua felicidade maior era ver os filhos felizes. Amorosidade era a tônica em tudo o que fazia: foi grande pai, tio amado e o avô coruja que encantava o neto Leonardo, de 2 anos, filho de Clezio. Encontrou no sorriso de Leo a alegria da sua vida. Nada o fazia mais feliz. Vovô babão, quando estava com o menino esquecia a mania de organização e partia para bagunçar.
Tiozão querido, soube ganhar o respeito e o carinho dos 20 sobrinhos. Dava atenção a todos e ainda tinha tempo para Simba, o cão parceiro nas caminhadas e nos momentos de pausa, quando se ajeitava confortavelmente na cadeira da varanda com o fiel amigo ao lado, divertindo-se ao ouvir a programação da rádio da cidade, matando as charadas para ganhar brindes.
Estava num momento de muita alegria e gratidão pela vida. Aposentado, fez de sua casa a mais florida da cidade, repleta de plantas ornamentais e flores: camélias, onze-horas, samambaias e petúnias que enfeitavam e alegravam o bairro. Não passava um dia sem preparar uma nova mudinha para presentear alguém, estimulando entre os vizinhos e os amigos o encanto pela flora nativa.
Morava em Buritama, mas preferiu ser sepultado em Turiúba, lugar que escolheu com o coração para ser sua última morada, pois lá viveu parte da vida e plantou, uma a uma, num trecho de três quilômetros que leva à entrada da cidade, mudas de Jamelão, uma árvore frutífera também conhecida como joão-bolão pelos moradores locais.
O ciclo de vida dessa árvore é longo, além de dar flores e frutos durante o ano inteiro.
Assim, Waldomiro deixou para a terra que o acolheu e dentro do coração de cada um que fez parte de sua vida, uma semente que floresce sob os auspícios do seu cuidado e do seu amor.
Waldomiro nasceu em Planalto (SP) e faleceu em São José do Rio Preto (SP), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Waldomiro, Dumara Cristina Menandro. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bettina Turner, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 1 de janeiro de 2021.