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Wanir Cavalheiro

1953 - 2021

Tinha prazer em dividir, com as filhas, uma boa moqueca - sem camarão - só para atender a predileção de suas meninas.

Wanir era um homem forte, trabalhador, honrado, íntegro e carismático.

Natural de Goiás, foi um destemido pioneiro em Rondônia, onde dedicou grande parte de sua vida na luta pelo bem-estar social.

Deixou os filhos Lucinele, Marcelo, Wanir Júnior, Lucilene, Karine, Kamilla e Evelyn, a quem amava como um pai completamente carinhoso e atencioso. Era com frequência que ele ligava e enviava mensagens para saber como as filhas estavam e, mesmo quando já adultas, fazia questão de andar de mãos dadas com elas para atravessar as ruas, num gesto de cuidado. Para ele, parecia que elas não haviam crescido.

Como bom taurino, seu entretenimento favorito era sair para comer. Tinha o costume de sair com as filhas e os genros para almoçarem uma bela moqueca, completando depois a refeição com um sorvete. Nas horas vagas, gostava de jogar xadrez, damas e baralho com os amigos. Costumava ir a praças e clubes da cidade para encontrá-los.

Suas características pessoais contribuíram para seu sucesso profissional. Na juventude, quando morava no interior, trabalhou no campo. Mais tarde, desempenhou durante muitos anos a função de Técnico em Farmácia. Por ter uma natureza muito empática e prestativa, auxiliou inúmeras pessoas que não tinham acesso a atendimento médico adequado. Por fim, trabalhou com vendas, inclusive ganhando prêmios na área. Wanir sabia, como poucos, entender os anseios dos clientes e indicar os melhores produtos para as necessidades deles.

Kamilla fala com carinho sobre ele: “Existem inúmeras lembranças que me remetem a ele. Eu sempre fui uma criança arteira. Certa vez, eu me acidentei enquanto brincava em casa. O meu pai saiu tão desesperado para o hospital, que esqueceu de calçar o par de chinelos”.

“Tenho recordações de quando ele ensinou a mim e a minha irmã Karine a jogar dama e xadrez durante a nossa infância. Lembro dos diversos pratos que ele preparava para nós. Além disso, sempre me vem à cabeça as muitas piadas que ele adorava contar. Muitas até se repetiam, mas sempre dávamos risada, como se estivéssemos ouvindo pela primeira vez. Ele tinha também o costume de aparecer no meu trabalho para me visitar e para irmos almoçar depois do meu expediente.”

E Kamilla continua, sobre as preferências e gostos do pai: “Toda e qualquer moda de viola antiga nos remete a ele. Nosso pai também escutava bastante as canções da Paula Fernandes. A comida favorita dele era moqueca de filé de dourado com camarão, mas, para nos agradar, quando íamos a restaurantes, ele pedia que não viesse camarão, já que nós duas não gostávamos. Tinha o costume de assobiar as modas antigas, andando para lá e para cá... O seu time do coração era o Santos”.

Karina e Kamilla resumem o que aprenderam com Wanir: “Nosso pai era essencialmente um homem íntegro, bondoso e que ajudava sempre a quem o procurasse. Sempre foi muito coerente em suas atitudes e extremamente comprometido com seu trabalho. Ele sempre nos dizia que deveríamos ser educadas e gentis com todas as pessoas que cruzassem o nosso caminho. Outro ensinamento valioso é que o caminho da integridade, por mais difícil que pareça, é o percurso correto e honrado que devemos seguir”.

Wanir nasceu em Goiás Velho (GO) e faleceu em Porto Velho (RO), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas filhas de Wanir, Karine Luna Cavalheiro e Kamilla Luna Cavalheiro. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 1 de agosto de 2023.