Wanyr Ribeiro Vianna

1939 - 2020

Seus olhos eram azuis e verdes, ao mesmo tempo. Aqueles eram os olhos mais lindos do mundo!

A Tirolesa, como era carinhosamente chamada, ganhou esse apelido depois do sucesso com uma fantasia de Carnaval. Não era só fantasia. Ninguém sabia ao certo se era um superpoder humano de quem enfrentaria muitas dificuldades na vida ou a sobrenaturalidade angelical de quem, pouco antes de partir, alegou que a filha era "um anjo que caiu do céu e eu segurei aqui com meus braços, no meu colo." Mas é e sempre será consenso que aquela mulher carregava o encantamento de envolver as pessoas com quem convivia em muito amor.

"Em tempo integral" é como Wania, sua filha, escolheu caracterizar os papéis de mãe e avó exercidos por Wanyr. Embora pareça redundante, quem a conheceu testemunhou a dedicação e o amor inigualáveis nos quais a carioca, torcedora do Fluminense, alicerçou sua família. Aliás, ninguém a conhecia melhor que os filhos Wania e Wolney, fruto do casamento com Boaventura Palhares Malafaia.

O carinho e generosidade com os quais tratava a família nunca tiveram data de validade. Amava rir e almoçar no shopping com os filhos e netos. Telefonava diariamente para eles, perguntando-lhes se estavam bem, em casa e de porta trancada. Ah, a fundamental porta trancada! Mas não bastava. Atrás dela Wanyr sempre colocava uma cadeira e uma panela "para assustar o ladrão", caso ele tentasse entrar em sua casa. E, assim, todos os tesouros estariam guardados. Inclusive Prenda, a mais amada cachorrinha; companheira nas brincadeiras, era sua grande paixão.

Ela adorava cantar músicas românticas. Cantava enquanto varria e limpava a casa, enquanto cuidava dos seus cachorrinhos... sempre. E quando passava um avião no céu, sempre dizia: "Vai com Deus! Que Deus o proteja e o guie!". Hoje, mais abençoados, os aviões voam perto de uma luz azul-esverdeada que continua a emanar amor e invocar proteção divina.