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Weiber Queiroz Cavalcante

1961 - 2021

Mandava o filho ir descansar depois da aula, mas ele mesmo nunca tirava uma folga.

Weiber era advogado criminalista e foi o tipo de homem que, quando não estava com a família, estava trabalhando ou providenciando o bem-estar de todos. Até mesmo os jogos de seu amado Fortaleza eram partilhados com a família e amava tanto o time que já começava a chorar no meio do hino.

O futebol era sua paixão e ele não perdia os jogos: fosse em casa, assistindo pela TV, ou no estádio — ocasiões em que mesmo quem não gostava do esporte se encantava com sua alegria e o acompanhava, mais pela farra do que pelo evento em si. Essa paixão pelo Fortaleza ele herdou de seu pai, com quem tinha uma relação tranquila e afetuosa. Depois que se casou, o pai e ele foram vizinhos por algum tempo, estreitando relações.

Weiber era o segundo de seis filhos e foi pai de quatro: David Pompeu, Weiber Filho, Ângelo Wendell e Chistine Gonçalves. Os três últimos, de sua união com Christiane, com quem foi casado por vinte e três anos. Sempre pensando no futuro dos filhos, o casal passou a empreender. Weiber era tão destemido que dispensou a contratação de profissionais e eles mesmos fizeram a planta da primeira casa que construíram juntos. Fizeram também a planta de uma pousada, adquiriram uma fazenda para os fins de semana e até uma padaria eles construíram. Estavam sempre pensando em algo que pudesse gerar valor para todos que os rodeavam. Até na política da cidade ele se fez presente, candidatando-se a vice-prefeito em 2002 e trabalhando como Secretário da Administração da Cidade de Quixadá entre 2012 e 2013.

Sua mais notória habilidade era oferecer conselhos e orientar caminhos, um dom que nasceu com ele e que foi lapidado com o tempo e o Direito. Observava, ouvia, ponderava, articulava e sempre dava um direcionamento para ajudar os filhos em suas jornadas. Às vezes, até exagerava.

Para Weiber Filho, o melhor conselho que o pai lhe deu foi o da prudência, o de evitar “dar cabeçadas por aí". O filho via no pai o esforço em compreender e contribuir; o pai poderia não entender a mensagem imediatamente, mas parava, olhava nos olhos e ouvia. Questionava, mas sempre como uma abertura para o diálogo. E não guardava nenhum rancor em seu coração, sobretudo dos filhos, que eram a luz da sua vida. “O amor e a entrega pelos filhos fazia com que ele se esforçasse para entender a complexidade humana”, explica.

Weiber nasceu em Quixadá (CE) e faleceu em Quixeramobim (CE), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho e pela esposa de Weiber, Weiber Queiroz Cavalcante Filho e Otília. Este tributo foi apurado por Ana Paula Amorim, editado por Ana Paula Amorim, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 30 de outubro de 2021.