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Willian Silva de Moraes

1989 - 2021

Seu sonho, realizado, era trabalhar com os coletivos culturais negros e periféricos.

Willian era um cara doce, sorridente, generoso. Cheio de estilo e de sonhos. Morava com a companheira, mas era o tipo que queria casar pra valer, ter filhos talvez – em geral, falava pouco da vida pessoal, mas na convivência no trabalho deixava escapar uma ou outra história. Estava na reta final da faculdade de História da Arte na Unifesp; naquela loucura básica de trabalhar e estudar, estava se realizando!

Funcionário da Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo, pegou para si a tarefa de valorizar os coletivos periféricos. Foi o que fez sempre, como programador do Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes – bairro em que vivia –, como coordenador do Centro de Culturas Negras e, em seus últimos dois anos de vida, como coordenador do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais, o VAI.

Quando veio a pandemia, o VAI estava na fase de inscrições. Willian passou a pilotar uma série de lives, em que repetia como um mantra: "Fica em casa, vamos todos nos cuidar". Era a mais sincera preocupação com o impacto do novo coronavírus nas periferias, que permanece gravada para se ouvir.

Para todos que o conheceram, fica a dificuldade de entender a partida tão precoce de alguém que cuidava dos outros com tanto afinco.

Willian nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 32 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela colega de trabalho de Willian, Ana Cecilia Lessa. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ana Cecilia Lessa, revisado por Paola Mariz e moderado por Lígia Franzin em 30 de março de 2021.