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Wilma de Oliveira Parreira

1957 - 2020

"Quando a gente ama é claro que a gente cuida" poderia ser verso para ela, que transformava amor em cuidado.

Wilma não deixava nenhum aniversário passar em branco. Se ela gostasse de você, com certeza receberia uma ligação dela no seu dia. Para os netos, mesmo quando não tinha condições, arrumava uma forma de comprar presentes nos aniversários e Dia das Crianças.

Ela tinha o dom do cuidado. Quando os primeiros netos nasceram, os gêmeos Esther e Israel, fez questão de ficar com eles para a filha, Rita, trabalhar. O outro neto, Samuel, que nasceu nove anos depois e também tornou-se seu amor instantaneamente, era o "grudinho da vovó".

Wilma ainda cuidou da mãe dela, acometida pelo mal de Alzheimer, por anos. Mesmo com as dificuldades causadas pela doença, fazia questão de levar a mãe em todos os lugares possíveis. Ela partiu pouco antes de Wilma, em janeiro de 2020.

O marido, com quem viveu por 31 anos, Aparecido, encontrava a rotina organizada por essa mulher zelosa.

Amava as festas da família e era muito companheira de sua única filha. Desfrutaram de muitos momentos de lazer juntas, frequentemente acompanhadas dos netos e da mãe. Tinha como hábito ouvir orações na rádio para alimentar sua fé católica.

Ela começou a trabalhar bem cedo, aos 12 anos, como babá. O patrão tinha uma clínica onde, um tempo depois, ela trabalhou como auxiliar de serviços gerais. Depois, exerceu a mesma função em outra empresa. Finalizou a jornada de trabalho como guardadora de carros aos 60 anos.

Realizou o sonho de reformar a casa e de se aposentar, embora tenha partido apenas dois anos depois.

Lutou sempre com um sorriso e tinha a alegria como companheira. Vê-la triste era uma exceção.

O cuidado que era seu dom aqui na Terra, continua lá do alto, chega a todos que ela amava.

"Você é nosso anjo bom, entendeu o significado da palavra amor", declara a filha.

Wilma nasceu em São João de Meriti (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Wilma, Rita Claudia de Oliveira Baptista. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Talita Camargos, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 13 de outubro de 2020.