1936 - 2020
Reunia todos os seus amores em torno de uma mesa, e para eles preparava deliciosas iguarias.
Proveniente de uma família imensa e afetuosa, Zuleika teve uma infância extremamente feliz ao lado dos seus dez irmãos. Logo cedo, aprendeu com seus pais que os bons sentimentos precisam ser demonstrados através do afeto, presente em cada ato, palavra e gesto ofertados no correr dos dias.
Na juventude, durante um passeio à cidade mineira de Campos Gerais, conheceu Luís, por meio de amigos em comum. A partir da primeira troca de olhares, a vida dos dois se entrelaçou. Logo, constituíram matrimônio. Então, chegou o momento de deixar a cidadezinha em que vivia e construir uma vida com o seu esposo.
A saudade de seus pais e irmãos foi compensada com muito amor, cumplicidade e dedicação pelo marido, e vice-versa. Definitivamente, Zuleika amou e foi muito amada em seus longevos sessenta e um anos de casamento. Do sentimento mais nobre entre o casal, vieram os filhos: Maraisa, Luiz Henrique e Eloiza.
Mãe presente e atuante, dedicou toda a sua vida a quem mais amava, sendo suporte para os filhos voarem. Desdobrava-se entre os cuidados com o lar e a educação dos pequenos, e, sempre mantinha um sorriso no rosto ao realizar todas as suas atividades com capricho e imenso prazer. Nas horas vagas, passava horas costurando, lendo e assistindo a novelas.
Se a maternidade já lhe completava, o nascimento dos netos lhe trasbordou. Para Pedro, Daniel, Carla, Flávia, Guilherme e Luíza, Zuleika foi uma avó-mãe, em todos os sentidos. Amorosa, participou ativamente da criação de cada um deles e fazia tudo que estava a seu alcance para vê-los felizes. A vida ainda lhe presentearia com um bisneto, Theo, a quem se desmanchava por inteiro.
O preparo de seus quitutes, onde amor era o ingrediente principal, era uma das suas formas de demonstrar afeto. Para os filhos, preparava seu famoso frango ensopado. Já para os netos, nunca deixava faltar bolinhos de carne moída, que eles afirmavam serem inigualáveis. A filha Maraisa se recorda: "Entre as inúmeras lembranças que tenho com a mamãe, tornou-se marcante suas vindas à minha casa, em que todos estávamos juntos para almoçar. Ela, como sempre, estava com um sorriso que irradiava felicidade".
Acolher, receber, distribuir e amar eram os verbos que regiam a vida de Zuleika. Transformou todos os eles em substantivos, que apesar de abstratos, eram de uma solidez sem igual. O acolhimento de seu abraço; a alegria com que recebia as pessoas e as boas-novas; a distribuição de afeto e de sorrisos; e o amor demonstrado a cada segundo, em cada gesto, transformaram-se nas lembranças mais lindas e formaram um elo eterno e indissociável.
Zuleika nasceu em Boa Esperança (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Zuleika, Maraisa Neves Vieira . Este texto foi apurado e escrito por jornalista Andressa Vieira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 25 de maio de 2022.