1944 - 2020
Amava a singeleza de uma planta, sua referência à vida de menino no interior, na roça, como ele dizia.
Seu Ananias era um homem muito querido pelos familiares e amigos. Era, ao mesmo tempo, divertido e descontraído, mas muito firme em suas convicções, chegando a ser um tanto duro, às vezes.
Contador de piadas, violeiro e cavaleiro. Discreto torcedor do Cruzeiro, uma alegria que vivia silenciosamente, mas que entregava, ao sorrir a cada gol. Comer era para ele um prazer, e evitar o pecado da gula, um desafio. Quiabo com angu e carne cozida, uma boa rapadura... Mas adorava mesmo era bolo, um tabuleiro inteiro era até pouco.
Amava a singeleza de uma planta, sua referência à vida de menino no interior, na roça, como ele dizia. A Typha latifolia, ou simplesmente, taboa. Planta cosmopolita, já que está presente praticamente no mundo inteiro, florescendo nos charcos, lagos, pântanos e brejos em todos os continentes. Suas flores femininas e masculinas se reúnem numa mesma haste. A taboa, afinal, tem mesmo muito em comum com o Ananias.
Como a taboa, o cristianismo é cosmopolita, uma fé que se espalhou por todo o planeta. Pois ele foi pastor evangélico, de uma fé cristã inabalável! Como as flores da planta favorita, viveram juntos, ele e a esposa, por quarenta e seis anos. Dessa união; quatro filhos e cinco netos, a quem ensinou o amor e o respeito. Infelizmente, não pode conhecer em vida o netinho, que chegou ao mundo poucos dias depois de sua partida.
“Igual a nós, milhares de famílias hoje choram seus mortos e suas perdas. Mas Deus há de nos consolar”. A filha Roberta, quando encerra seu depoimento, demonstra ter aprendido com ele, a fé, a empatia e a solidariedade.
Ananias nasceu em Caratinga (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Ananias. Este tributo foi apurado por Carla Cruz, editado por Hélida Matta , revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 2 de agosto de 2020.