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André Cezário da Silva

1983 - 2020

Planejava as viagens de fim de ano da família, os piqueniques e os almoços de fim de semana.

Ele foi um filho, irmão, neto, sobrinho, primo, cunhado e tio muito amoroso e solícito, que não media esforços para estar presente e ajudar a todos. Pendurava a roupa no varal para a mãe, que não podia mais fazê-lo, e fazia compras com o pai; se precisasse, acompanhava seus sobrinhos, sua noiva e sua sogra em internações, compras ou passeios.

Sabia ouvir e aconselhar a todos porque era um ótimo ouvinte. Muito sensato e gentil, por isso era tão procurado para tal.

Divertido, amava crianças, que retribuíam igualmente: como gostavam de brincar com o tio ou primo Dé! O mesmo se dava com os “pets” em geral, que ele amava e que o queriam por perto aonde quer que fosse.

Dono de um coração grandioso, bondoso e gentil, não carregava mágoa de ninguém, bem como nunca magoou pessoa alguma. Dificilmente ficava bravo com alguém e se o fizesse, o que era muito raro, logo esquecia e perdoava. Era de uma paciência admirável!

André era um ser iluminando, que com certeza fez diferença na vida das pessoas. Tornou-se uma inspiração para cada um que teve o privilégio de conviver com ele, sendo uma pessoa melhor e mais digna.

Possuía enorme senso de responsabilidade para com os outros. Quando veio a pandemia, seguia rigorosamente os protocolos de higiene e prevenção, não só em relação aos pais idosos, mas também como Técnico de Segurança do Trabalho, onde estava atento a qualquer descuido dos colegas. Quando diagnosticado com a Covid-19 sua maior preocupação foi a de proteger os seus e os demais.

A noiva, Ariana, ressalta o desejo de eternizar André, que partiu aos 37 anos, treze dos quais dedicados ao seu relacionamento: “Nossa sintonia era incrível. Ele era meu confidente, melhor amigo, amante, eterno namorado, a pessoa que eu mais amava e admirava nesse mundo”.

“...Tínhamos uma cumplicidade tão forte, que ele era a pessoa que mais me conhecia, com quem eu me abria e desabafava naturalmente... Sempre fazia com que eu me apaixonasse de novo e de novo por ele ao longo dos anos em que estivemos juntos. Quando eu me questionava, se tanto tempo ainda era amor, como se soubesse, ele me reconquistava como da primeira vez e me fazia suspirar e olhar para ele admirada e pensar 'puxa, como tenho sorte de tê-lo em minha vida.'"

“Ele fazia eu me sentir tão incrível, tão inteligente, linda e amada — não só com palavras, porque sim, ele era
romântico e sempre se declarava —, mas com o olhar de admiração por mim. E não só fisicamente, ele fazia eu me sentir muito desejada principalmente pelos meus feitos.”

E Ariana conclui, dizendo: “Ele amou muito. Amou os amigos, os bichos, as crianças, a família, os desconhecidos, a natureza, seu trabalho, seus estudos. Ele celebrou os pequenos e grandes momentos da vida. Ele amava a vida e eu o amava por tanto amor que ele tinha. Ele me amou!”

André nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 37 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela noiva de André, Ariana Coelho de Oliveira. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 13 de maio de 2022.